23Rev. Interam. Bibliot. Medellín (Colombia) Vol. 42, número 1/enero-abril 2019 pp. 23-35 ISSN 0120-0976 / ISSN (en línea) 2538-9866
Caio Saraiva Coneglian
Doutorando em Ciência da Informação. Mestre
em Ciência da Informação, Universidade
Estadual Paulista. Bacharel em Ciência da
Computação, Centro Universitário Eurípides
de Marília. Marília-SP – Brasil.
caio.coneglian@gmail.com
orcid.org/0000-0002-6126-9113
Sandra Milena Roa-Martinez
Doctoranda em Ciência da Informação,
Universidade Estadual Paulista. Magister em
Ingeniería énfasis Electrónica, Universidad del
Valle. Especialista en Redes de Comunicación,
Universidad del Valle. Ingeniera de Sistemas,
Universidad Industrial de Santander. Profesora
titular tiempo completo, Universidad del Cauca.
Popayán – Colombia. smroa@unicauca.edu.co
orcid.org/0000-0002-2271-6101
Ana Maria Jensen Ferreira da Costa Ferreira
Doutoranda em Ciência da Informação. Mestre
em Ciencia da Informação. Arquivologia,
Universidade Estadual Paulista.
Marília-SP – Brasil. anajfcferreira@gmail.com
orcid.org/0000-0003-2484-303X
Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti
Doutora em Educação, Universidade Estadual
Paulista. Mestre em Ciência da Computação,
Universidade de São Paulo. Licenciatura em
Matemática. Professora Assistente Doutora,
Universidade Estadual Paulista.
Marília-SP – Brasil.
vidotti@marilia.unesp.br
orcid.org/0000-0002-4216-0374
José Eduardo Santarem Segundo
Doutor em Ciência da Informação. Mestre
em Ciência da Informação, Universidade
Estadual Paulista. Superior de Tecnologia
em Processamento de Dados, Universidade
de Marília. Professor Assistente Doutor,
Universidade de São Paulo. São Paulo – Brasil.
santarem@usp.br
orcid.org/0000-0003-3360-7872
Cómo citar este artículo: Coneglian, C. S., Roa-Martinez, S. M., Ferreira, A. M.
C. F., Vidotti, S. A. B. G., & Santarem-Segundo, J. E. (2019). Tecnologias da Web
Semântica na arquitetura da informação. Revista Interamericana de Bibliotecología,
42(1), 23-35. doi: 10.17533/udea.rib.v42n1a03
Recibido: 2017/06/07/ Aceptado: 2018/08/26
Resumo
Os estudos da Arquitetura da Informação e da Web Semântica se mostram cada
vez mais necessários, pela exigência de compreender o contexto da informação,
tanto da perspectiva dos usuários humanos, quanto dos usuários não-humanos/
máquinas. Esses dois campos de estudos contribuem para aprimorar a forma
como os conteúdos informacionais são apresentados e utilizados nos ambientes
digitais. Assim, este trabalho identificou e analisou as relações entre os sistemas da
Arquitetura da Informação e os recursos da Web Semântica, apresentando como
cada sistema da Arquitetura da Informação pode ser aprimorado com a incorporação
de tecnologias da Web Semântica. Para tal, utilizou-se uma metodologia qualitativa,
de cunho exploratório e descritivo, relacionando os cinco sistemas da Arquitetura
da Informação com os conceitos, as tecnologias e as aplicações da Web Semântica.
Como resultados, foi possível verificar que todos os sistemas da Arquitetura da
Informação podem ser enriquecidos com as tecnologias da Web Semântica. Desta
forma, concluiu-se que a aplicação de tecnologias da Web Semântica nos sistemas da
Arquitetura da Informação contribui para estruturar semanticamente os ambientes
informacionais digitais.
Palavras-chave: arquitetura da informação, web semântica, sistemas da arquitetura
da informação, conceitos e tecnologias da web semântica, ambientes informacionais
digitais.
Tecnologias da Web Semântica na arquitetura da informação*
* O presente texto é um progresso do projeto “Arquitetura da Informação e Experiência do
Usuário em Ambientes lnformacionais Digitais” de la línea lnformação e Tecnología del
Programa de Pósgraduaçao em Ciência da lnformção de la Universidade Estadual Paulista
(Unesp). financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológi-
co (CNPq).
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[Caio Saraiva Coneglian, Sandra Milena Roa-Martinez, Ana Maria Jensen Ferreira da Costa Ferreira, Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti, José Eduardo Santarem Segundo]
Semantic Web Technologies in
Information Architecture
Abstract
The researches of Information Architecture and Semantic
Web are increasingly necessary, due to the need to have an
understanding of the context of the information, both from
the perspective of human users and non-humans/machines
users. These two study fields contribute to improving the
way informational content is presented and used in digital
environments. Thus, this paper identified and analyzed
the relationships between Information Architecture
systems and Semantic Web resources, presenting how
each Information Architecture system can benefit from
the incorporation of Semantic Web technologies. For this,
a qualitative methodology was used, with a descriptive
and exploratory approach, relating the five systems of
Information Architecture with the concepts, technologies
and applications of the Semantic Web. As results, it was
possible to verify that all systems of Information Architecture
can be enriched with Semantic Web technologies. In this
way, it was concluded that the application of Semantic
Web technologies in Information Architecture systems
contributes to a semantic structure of digital information
environments.
Keywords: Information architecture, semantic web,
information architecture systems, semantic web concepts
and technologies, digital information environments.
Tecnologías de la Web
Semántica en arquitectura de la
información
Resumen
Los estudios de Arquitectura de la Información y Web
Semántica son cada vez más necesarios, debido a la exigencia
de comprender el contexto de la información desde la
perspectiva de usuarios humanos y usuarios no humanos/
máquinas. Estos dos campos de estudio contribuyen a
mejorar la forma en que son presentados y utilizados los
contenidos en ambientes informacionales digitales. Por lo
tanto, este trabajo identificó y analizó las relaciones entre los
sistemas de la Arquitectura de la Información y los recursos
de la Web Semántica, mostrando cómo cada sistema de la
Arquitectura de la Información puede mejorarse con el uso
de las tecnologías de la Web Semántica. Para ello, se utilizó
una metodología cualitativa, de carácter exploratorio y
descriptivo, relacionando los cinco sistemas de Arquitectura
de la Información con los conceptos, tecnologías y
aplicaciones de la Web Semántica. Como resultados, fue
posible verificar que todos los sistemas de la Arquitectura de
la Información pueden ser enriquecidos con las tecnologías
de la Web Semántica. De esta forma, se concluyó que la
aplicación de las tecnologías de la Web Semántica en los
sistemas de la Arquitectura de la Información contribuye para
una estructura semántica de los ambientes informacionales
digitales.
Palabras clave: arquitectura de la información, web
semántica, sistemas de arquitectura de la información,
conceptos y tecnologías de la web semántica, ambientes
informacionales digitales.
1. Introdução
A World Wide Web (Web) e as formas de acesso e uso
de informações apresentadas nos ambientes informa-
cionais digitais tem sido um campo de estudo relevante
devido às constantes transformações tecnológicas, so-
ciais e culturais. Nesse sentido, surge a necessidade de
intersecções entre os diferentes arcabouços teóricos,
bem como de técnicas e de tecnologias a fim de com-
preender e contribuir na interação dos indivíduos com
as informações disponíveis na Web.
Neste contexto, com as Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) cada vez mais presentes no cotidia-
no das pessoas, surgem novos desafios para diferentes
áreas de conhecimento que se preocupam com soluções
para abordar as problemáticas relativas a organização
dos objetos digitais em ambientes informacionais bus-
cando promover eficiência e eficácia no momento de
acesso e uso de informações.
Apontamos, neste trabalho, dois campos de estudos
que estão avançando com pesquisas neste quesito: a
Arquitetura da Informação (AI) e a Web Semântica
(WS), que ganham destaque no que tange aos proces-
sos relativos às informações digitais na Web.
A Arquitetura da Informação tem como objetivo o pla-
nejamento de ambientes digitais procurando atender
os requisitos relacionados com o contexto, conteúdo e
usuário; enquanto que a Web Semântica foca na cria-
ção de estruturas que possibilitem a compreensão dos
conteúdos digitais pelos usuários e pelos agentes com-
putacionais.
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[Tecnologias da Web Semântica na arquitetura da informação]
Desta forma, questiona-se: como e quais tecnologias da
Web Semântica podem ser inseridas nos sistemas da
Arquitetura da Informação Digital de modo a enrique-
cer o planejamento e o desenvolvimento de ambientes
informacionais digitais?
Na busca de solucionar tal questão, o presente traba-
lho objetivou identificar e analisar as relações entre os
sistemas da Arquitetura da Informação e os recursos
da Web Semântica, apresentando como cada sistema
da Arquitetura da Informação pode-se beneficiar da
incorporação de tecnologias da Web Semântica. Para
ilustrar, são apresentadas as aplicações semânticas no
contexto da Arquitetura da Informação.
2. Arquitetura da informação
Rosenfeld, Morville e Arango (2015) consolidam a
expressão Arquitetura da Informação, associando-a
especificamente aos ambientes Web e aproximando-a
de forma inquestionável ao domínio da Ciência da In-
formação e da Biblioteconomia. Por quanto, estruturar,
representar, organizar e rotular, consequentemente,
são tarefas características da AI.
A partir da publicação do livro Information Architecture for
the World Wide Web (Rosenfeld & Morville, 1998), pesqui-
sas relacionadas foram realizadas no âmbito da Ciência
da Informação, por exemplo, na aplicação em websites
organizacionais, bibliotecas digitais, repositórios ins-
titucionais, blogs e redes sociais. Posteriormente, tais
autores conceituaram a AI como:
O desenho estrutural de ambientes informacionais
compartilhados; A combinação de sistemas de orga-
nização, rotulagem, busca e navegação em websites e
intranets; [...] Uma disciplina emergente e comunida-
de de prática focada em trazer princípios de design e
arquitetura para o ambiente digital. (Rosenfeld, Mor-
ville & Arango, 2015, p. 24, tradução)
Nos conceitos apresentados, percebe-se a aplicação
dos princípios de design e de arquitetura no projeto
de ambientes informacionais digitais, que norteiam o
conjunto de sistemas que, metaforicamente, compõem
a anatomia da AI e apontam para a estrutura de um
ambiente informacional digital. Esses sistemas são de:
Organização, Rotulagem, Busca e Navegação; os auto-
res supracitados apresentam ainda outros elementos
como os vocabulários controlados, tesauros, meta-
dados e ontologias que são considerados por Oliveira
e Vidotti (2012) como um novo sistema, o sistema de
Representação.
Assim, baseados em Rosenfeld e Morville (1998), Vi-
dotti e Sanches (2004) apontam que:
A Arquitetura da Informação é constituída por siste-
mas de organização, navegação, rotulagem e busca,
visando à criação de estruturas digitais que priorizam
a organização descritiva, temática, representacional,
visual e navegacional de informações, em consonância
com o conteúdo, o contexto e o usuário, com objetivos
bem definidos, adequando assim o dimensionamento
e o direcionamento dos serviços e dos produtos infor-
macionais aos usuários potenciais. (p. 2)
Nesse cenário, o Sistema de Organização é responsável
pela estruturação dos conteúdos informacionais em
esquemas e estruturas que melhor satisfaçam às neces-
sidades do usuário na localização de informação, em
consonância com os sistemas de navegação e de busca.
Os esquemas e as estruturas de organização devem ser
representativos para as comunidades no contexto da
organização do conhecimento.
O Sistema de Rotulagem é responsável pela represen-
tação do conteúdo informacional estruturado, por
exemplo, em categorias significativas para o usuário,
por meio de rótulos textuais e/ou iconográficos, que
devem estar associados com os aspectos cognitivos, lin-
guísticos e/ou emocionais do usuário.
O Sistema de Navegação busca promover os diferen-
tes caminhos de acesso ao conteúdo informacional e
contemplar as experiências do usuário na busca de
informações facilitando a interação do usuário no am-
biente informacional.
A localização das informações, além da navegação, é
contemplada pelo Sistema de Busca que visa atender as
necessidades informacionais do usuário de forma mais
direta.
Os metadados e os instrumentos de organização do
conhecimento, tais como: vocabulários controlados,
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[Caio Saraiva Coneglian, Sandra Milena Roa-Martinez, Ana Maria Jensen Ferreira da Costa Ferreira, Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti, José Eduardo Santarem Segundo]
tesauros, taxonomias, folksonomias e ontologias são
abordados no Sistema de Representação de modo a
propiciar a interação do usuário com o sistema e a
interoperabilidade entre diferentes sistemas.
Neste contexto, o Sistema de Representação por meio
do uso de ontologias pode aprimorar a interoperabili-
dade, ao fornecer um conhecimento compartilhado e
formal capaz de possibilitar uma melhor comunicação
entre diferentes sistemas. Pesquisas como a de Martin
et al. (2007) e Grasic e Podgorelec (2010) expressam
como as ontologias se constituem em elementos im-
portantes para a promoção da interoperabilidade e da
comunicação entre diferentes serviços e aplicações.
Atualmente, os estudos da Arquitetura da Informação
têm como foco os ambientes informacionais digitais
utilizados tanto pelos usuários humanos quanto pelos
não-humanos/ máquinas, e nesse contexto, a Web Se-
mântica apresenta tecnologias para a estruturação e a
recuperação de conteúdo com significado.
3. Web Semântica
A Web Semântica desde a sua concepção, no início dos
anos de 2000, tem influenciado uma série de serviços e
aplicações de ambientes informacionais digitais. Visan-
do tornar a Web uma plataforma capaz de promover a
compreensão dos conteúdos por agentes computacio-
nais, a WS foi proposta como uma extensão da Web,
não tendo a intenção de ser uma substituta desta (Ber-
ners-Lee, Hendler & Lassila, 2001).
Vale destacar que há uma separação entre os conceitos,
as tecnologias e as aplicações da Web Semântica. Nes-
te âmbito, a partir das concepções teóricas delineadas
por Berners-Lee et al. (2001), a Ciência da Informa-
ção e a Ciência da Computação buscaram definir um
arcabouço teórico comum e desenvolver tecnologias e
aplicações em ambientes informacionais digitais visan-
do materializar a WS.
Neste sentido, algumas tecnologias possuem papel
central na implementação de propostas da WS, com
destaque para: eXtensible Markup Language (XML),
Resource Description Framework (RDF), Web Ontology Lan-
guage (OWL), SPARQL Protocol and RDF Query Language
(SPARQL) e Semantic Web Rule Language (SWRL).
A XML, o RDF e a OWL contemplam especialmente
formas de descrever e de representar uma determinada
informação ou contexto. Enquanto que, a linguagem de
consulta SPARQL possibilita a recuperação da infor-
mação e a SWRL é uma linguagem baseada em regras
que permite fazer inferências.
A XML pode ser compreendida como a sintaxe uti-
lizada para a disponibilização das informações, que
permite agregar semântica aos documentos e possi-
bilita que cada aplicação crie uma interpretação da
marcação atribuída ao conteúdo. Assim, “Esta aborda-
gem amplia significativamente as possibilidades do uso
das linguagens de marcação, entre elas a capacidade de
definir Metadados [...].” (Campos, Santachè & Teixei-
ra,1999, p. 51).
Por outro lado, o RDF pode ser entendido como o modo
de associar, interligar e representar os dados. Segundo
o World Wide Web Consortium (2014), o RDF é mo-
delo padrão para intercâmbio de dados na Web e atua
como uma linguagem para representar informações
visando fornecer a interoperabilidade dos dados e con-
tribuindo, assim, com a recuperação das informações
dos recursos na Web.
No tocante às ontologias, a OWL permite a inserção de
características semânticas que possibilitam a compre-
ensão de um contexto por um agente computacional.
Destaca-se que a linguagem OWL é reconhecida, como
o principal padrão em linguagens para ontologia e re-
comendada pelo consórcio W3C para a construção de
ontologias (Santarem -Segundo, 2010).
Com relação à recuperação dos dados, o SPARQL
apresenta-se como uma função central, que permite a
recuperação dos dados em formatos compatíveis com
a WS, especialmente o RDF e a OWL. Esse protocolo
permite realizar inferências dos dados, pelas associa-
ções entre as triplas RDF, ademais, provê formas de
verificar informações como a quantidade e a soma, den-
tre outros operadores, no momento que são realizadas
as consultas (Ducharme, 2013).
Ainda, referente a possibilidade de realização de infe-
rências, a SWRL é uma linguagem, recomendada pelo
W3C, que se baseia na OWL e utiliza um conjunto de
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[Tecnologias da Web Semântica na arquitetura da informação]
axiomas para possibilitar a construção das regras lógi-
cas (Horrocks et al., 2004).
As tecnologias citadas anteriormente foram desenvol-
vidas visando tornar implementável e materializável a
Web Semântica. O uso dessas tecnologias culminou no
desenvolvimento de aplicações capazes de aprimorar a
interface e a representação dos conteúdos construídos
para as pessoas e os sistemas computacionais. Como
exemplos temos a OWL e o RDF como tecnologias que
possibilitam materializar a Web Semântica, e o Linked
Data como uma das aplicações que incorporaram as
tecnologias da Web Semântica para tornar real esta
materialização.
Ainda, as tecnologias da Web Semântica têm sido uti-
lizadas no projeto da Arquitetura da Informação para
o desenvolvimento de ambientes informacionais digi-
tais. Destacamos os trabalhos de Hinkelmann, Maise
e Thönssen (2013), que por meio de uma ontologia
conecta os objetos informacionais numa arquitetu-
ra empresarial, e os trabalhos de Santos, Bax e Kalra
(2010), de Al-Sudairy e Vasista (2011) e de Gurupur
e Tanik (2012), que apresentam arquiteturas da in-
formação com incorporação de tecnologias da Web
Semântica para a integração de dados.
Vale ressaltar que, no que tange a relação entre a Web
Semântica e a Arquitetura da Informação, serão discu-
tidos e apresentados, a seguir, como os conceitos, as
tecnologias e as aplicações da Web Semântica estão
contribuindo com a Arquitetura da Informação, e como
essas tecnologias se relacionam com os sistemas da AI.
A partir dos pressupostos teóricos apontados acerca da
AI e da WS, na próxima seção se expõem os procedi-
mentos metodológicos utilizados neste trabalho.
4. Procedimentos metodológicos
O presente trabalho foi desenvolvido seguindo uma
metodologia qualitativa, de cunho exploratório e des-
critivo. Esse processo foi realizado relacionando os
cinco sistemas da Arquitetura da Informação descri-
tos anteriormente (sistema de organização, sistema de
navegação, sistema de rotulagem, sistema de busca e
sistema de representação), com os conceitos, as tecno-
logias e as aplicações da Web Semântica.
Para explanar como a WS se relaciona com cada sis-
tema da AI, foram consideradas as tecnologias apon-
tadas pelo W3C (XML, RDF, RDF Schema, OWL,
SPARQL e SWRL), bem como algumas aplicações que
utilizam tecnologias da WS e que são objetos de estudo
da Ciência da Informação (Knowledge Graph, Rich Snippets,
Linked Data, Explorator e Europeana Data Model – EDM).
Cada um dos cinco sistemas da Arquitetura da Infor-
mação foi analisado sob as perspectivas dos conceitos e
das tecnologias da Web Semântica apresentados ante-
riormente. Posteriormente, a cada sistema foi associada
e discutida uma aplicação que utiliza essa(s) tecnolo-
gia(s) da Web Semântica.
5. Resultados e discussões
A seguir são apresentados os resultados e as discussões
alcançadas enfocando a WS (conceitos, tecnologias e
aplicações) e os sistemas da AI (organização, rotula-
gem, navegação, busca e representação).
5.1. Sistema de organização
No Sistema de Organização para estruturar os conte-
údos informacionais (Esquema/Estrutura) podem ser
utilizadas as seguintes tecnologias da Web Semântica:
XML, RDF, RDF Schema, OWL, SPARQL e SWRL, e
que podem ser percebidas na aplicação do Knowlegde
Graph no Google.
Neste sistema, pode-se utilizar os esquemas de dados
estruturados em XML, RDF, RDF Schema e as onto-
logias construídas em OWL, com relações explícitas
capazes de possibilitar que um sistema computacional
identifique os relacionamentos entre os dados e as ne-
cessidades dos usuários. Ainda, os esquemas de dados
estruturados com semântica formal, possibilitam a cria-
ção de sistemas de organização dinâmicos, tornando a
identificação das relações mais significativas.
Adicionalmente, para desenvolver estruturas dinâmicas
de organização, considerando o contexto dos usuários,
são necessárias as consultas por meio da linguagem
SPARQL, que tem a função de descobrir as relações
existentes, bem como, de encontrar uma forma de es-
quematizar as informações em um sistema de acordo
com o contexto do usuário e o contexto dos dados, que
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[Caio Saraiva Coneglian, Sandra Milena Roa-Martinez, Ana Maria Jensen Ferreira da Costa Ferreira, Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti, José Eduardo Santarem Segundo]
são descobertos a partir das ontologias, dos modelos de
dados em RDF e das regras da SWRL.
Em suma, a incorporação das tecnologias RDF, OWL e
SPARQL no Sistema de Organização permitirá a iden-
tificação do significado dos conteúdos informacionais e
do perfil de cada usuário, e propiciará a personalização
do ambiente para cada tipo de indivíduo, para cada tipo
de informação, e/ou para cada informação especifica-
mente.
Uma aplicação dessas tecnologias pode ser percebida
nos sistemas de organização dinâmicos do Knowledge
Graph, que vincula dados a uma gama de variáveis que
perpassam desde a quantidade de buscas por um deter-
minado elemento, por registros anteriores de um usuá-
rio, até a sua localização final.
O Knowledge Graph é uma aplicação de busca do Google
que possibilita a pesquisa por um determinado con-
junto de caracteres, ou seja, a busca por entidades. Em
princípio, o Google tenta localizar uma entidade que
representa a busca feita pelo usuário, e apresenta essa
entidade em uma estrutura de painel, contendo infor-
mações de relações que um determinado objeto possui.
Para Monteiro (2015), o Knowledge Graph trata-se: “[...]
de uma engenharia de Recuperação da Informação, [...]
que tem como objetivo a aprendizagem da máquina e a
semantização dos resultados de busca” (p. 7).
A organização da informação utilizada pelo Knowledge
Graph varia de acordo com o tipo de informação que será
apresentada, considera as características específicas do
usuário que realiza a busca e os detalhes da informa-
ção. A variação do sistema de organização possibilita
que o ambiente informacional digital de busca, consi-
dere características do domínio de cada informação e
do usuário que está realizando a busca.
Visando demonstrar a diferenciação que ocorre no sis-
tema de organização desta aplicação, realizou-se duas
buscas por entidades classificadas de forma idêntica
pelo Knowledge Graph: ex-presidentes do Brasil. A Figura
1-A, referente ao resultado da busca por “Fernando
Henrique Cardoso” e a Figura 1-B, por “Luiz Inácio
Lula da Silva”. As duas entidades por mais que tenham
papéis semelhantes para o buscador, são apresentadas
de forma visivelmente diferentes, com tipos de informa-
ções distintas, como pode ser visto na Figura 1, a seguir.
A comparação apontada na Figura 1, demonstra com
exatidão as diferenças das informações apresentadas
das duas entidades. Subentende-se que diferenças
semânticas entre os dados buscados dos dois ex-presi-
dentes, causaram esta diferença. Por exemplo, as obras
escritas por Fernando Henrique Cardoso são de rele-
vância dentro de um universo de pesquisa, sendo uma
informação que por vezes alguns usuários devem buscar.
Contudo, Luiz Inácio Lula da Silva não é um escritor,
não havendo motivo para apresentar tais informações
sobre este segundo ex-presidente. Tais considerações
demonstram que o buscador considerou elementos
semânticos dessas duas personalidades, visando apre-
sentar de uma forma personalizada as informações aos
usuários.
Figura 1. Sistemas de organização dinâmicos do KG 6.
5.2. Sistemas de Rotulagem
O sistema de rotulagem possui uma relação simbiótica
com a organização, devido à influência que os rótulos
possuem na promoção do sistema de organização da AI.
As tecnologias da WS, tais como, XML, RDF, OWL,
Microdados e RDFa apoiam o Sistema de Rotulagem e
podem auxiliar na representação dos conteúdos infor-
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[Tecnologias da Web Semântica na arquitetura da informação]
macionais por meio de rótulos, construindo categorias
significativas e semanticamente formais. Os Micro-
dados são partes do código HTML (ou XHTML) que
permitem estruturar informações aproveitando os atri-
butos id (identifica um elemento) e class (identifica um
grupo de elementos) empregados em algumas etique-
tas. O RDFa é um conjunto de extensões do XHTML
que permite introduzir semântica neste tipo de docu-
mento.
A Web Semântica possui um vínculo com este sistema,
uma vez que é necessário que as informações apresen-
tem significado e estejam contextualizadas semantica-
mente ao serem expostas. Diante disso, o arquiteto da
informação deve buscar tecnologias que contribuam
em apresentar as informações com expressividade para
os usuários. Tais rótulos, também devem contribuir
para que os buscadores sejam capazes de localizar as
informações com mais clareza e recuperar os dados
com maior precisão.
Diante disso, algumas tecnologias da WS trazem con-
tribuições nessa tarefa. Uma primeira tecnologia que
contribui para isso, é o uso do XML. A inserção de
metadados em XML nas páginas Web, permitem uma
contextualização do conteúdo no qual as informações
estão inseridas, contribuindo, assim, para que agentes
computacionais ao se depararem com estes conteú-
dos sejam capazes de compreender o significado dos
rótulos da página. Ainda, no contexto dos sistemas de
rotulagem, destacam-se as ontologias em OWL, que
aumentam a expressividade das informações de uma
página da Web.
Além disso, as tecnologias da WS, como os microdados
e o RDFa, estão cooperando no que tange a rotulação
dos dados. Estas tecnologias são capazes de inserir den-
tro de uma página HyperText Markup Language (HTML)
ou eXtensible Hypertext Markup Language (XHTML) ele-
mentos acerca do seu conteúdo, descrevendo compu-
tacionalmente os rótulos que por vezes só possuem
significado para as pessoas.
Em síntese, essas duas tecnologias inserem marcações/
tags, seguindo a estrutura do RDF, para descrever o con-
teúdo. A partir da inserção destas tags em uma página,
os buscadores serão capazes de compreender com mais
precisão o conteúdo que a página possui, com o intuito
de que o usuário, ao final do processo, possa ter uma
experiência satisfatória.
Utilizar estruturas computacionais compreensíveis
pelas máquinas, atualmente é tão importante quanto
utilizar uma linguagem clara para os rótulos que serão
apresentados aos usuários, pois muitas vezes o acesso
às páginas Web ocorrem por buscadores.
Diante disto, os rótulos para usuários humanos e não
humanos, devem ser uma preocupação do arquiteto da
informação, que visa tornar o ambiente acessível.
O Rich Snippets tem contribuindo significativamente
para as questões relativas aos sistemas de rotulagem, é
uma aplicação que tem em sua base os conceitos e as
tecnologias da WS e foi concebido inicialmente pelos
buscadores para extração de informações com maior
valor semântico das páginas Web. A sua estrutura se dá
por meio do RDFa e do microdados.
Destaca-se que, o Rich Snippets é uma descrição enrique-
cida que contem informação adicional para os usuá-
rios, além das informações apresentadas nos snippets,
que podem ser informações com respeito ao conteúdo,
como: imagens, valorações dos usuários, tempo e datas
(Rovira, Codina & Monistrol, 2013).
Assim, o Rich Snippets traz uma contribuição relevante
ao possibilitar que o contexto das informações de uma
página Web possa ser apresentado no próprio busca-
dor, dando mais elementos para que o usuário possa
selecionar uma página de seu interesse.
O Google apresenta o Rich Snippets juntamente com o
conceito de marcação estruturada, base da descrição
dos dados na WS, com o objetivo de descrever os recur-
sos na Web, bem como as suas propriedades (Google,
2017).
Os mecanismos de Rich Snippets irão fazer com que um
buscador obtenha na página Web uma informação
descrita em RDFa, que pode estar oculta ao usuário.
A Figura 2(A) apresenta os resultados de uma busca
com base nas páginas marcadas com Rich Snippets,
enquanto que a Figura 2(B) expõe como a página Web
qualifica a informação para que o buscador tenha acesso
aos conteúdos estruturados.
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[Caio Saraiva Coneglian, Sandra Milena Roa-Martinez, Ana Maria Jensen Ferreira da Costa Ferreira, Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti, José Eduardo Santarem Segundo]
Figura 2. Rich Snippets nos rótulos de tempo e imagem.
A informação contida no HTML (Figura 2[B]) contêm
Rich Snippet que é utilizado pelo buscador para aprimo-
rar a visualização dos resultados. Assim, o buscador
(Figura 2[A]) apresenta as informações tradicionais
de um resultado de busca, como título, link e resumo,
acrescido dos elementos contidos no HTML (Figura
2[B]), como a imagem do pudim e o tempo de preparo
da receita.
A inserção destes elementos aprimora a rotulagem para
os agentes computacionais da busca, bem como para
outros mecanismos que exploram as páginas Web, por
meio das informações estruturadas. Assim, é possível
afirmar que os Rich Snippets beneficiam consideravel-
mente a AI dos websites e dos motores de busca.
5.3. Sistema de navegação
O Sistema de Navegação determina a forma como o usu-
ário navega em uma página Web. Os princípios da WS
se encontram aderentes as propostas relacionadas aos
sistemas de navegação, principalmente no que tange a
permitir que o usuário percorra diferentes caminhos de
acesso ao conteúdo informacional previstos neste sis-
tema e conheça sua localização dentro de um ambiente,
o que está indiretamente relacionado a contextualiza-
ção que um sistema possui de seus conteúdos. Assim,
contextualizar os dados de acordo com os conceitos da
WS, poderá tornar os mecanismos de navegação mais
expressivos.
Nesse contexto há uma série de tecnologias da WS que
poderão aprimorar os sistemas de navegação, como os
modelos de dados e ontologias em RDF e OWL, que
possibilitam uma contextualização dos dados mais
precisa. Ainda, o uso do SPARQL poderá contribuir na
localização de informações auxiliando a navegação do
usuário, e assim, permitir uma navegação contextual
dentro da Web.
Uma aplicação da WS que apresenta uma contribui-
ção valiosa aos sistemas de navegação da AI é o Linked
Data, o qual contempla a ligação entre diversas bases de
dados complexas, com um alto nível de contextualiza-
ção, por meio do uso de tecnologias WS, como o RDF.
O Linked Data pode apoiar a AI na elaboração de um sis-
tema de navegação contextual, interligando conteúdos
de diferentes bases de dados e possibilitando que o usu-
ário tenha clareza do ambiente em que ele se encontra e
da interligação desse ambiente com outros sistemas de
informação e websites.
Além disso, a base Linking Open Data (LOD) pode
fornecer um suporte estável para a criação de sistemas
de navegação baseados no Linked Data, uma vez que
contempla uma ampla base de dados, dos mais variados
domínios (Santarem -Segundo, 2015).
Para ilustrar o exposto, foi analisado a aplicação LodLive
(http://lodlive.it/), que possibilita a interligação e a
contextualização de determinados ambientes com o
LOD e tem como princípio permitir a localização de um
termo dentro de uma base de dados.
A partir de um termo, a referida aplicação demonstra
como poderia ser utilizada uma estrutura de navegação
em que o usuário manipula as ligações de um recurso
no Linked Data, para navegar e acessar outros recursos.
O uso de uma estrutura semelhante ao LodLive poderia
ser um sistema de navegação baseado na WS, capaz de
contextualizar a informação apresentada dentro de um
âmbito geral.
Para demonstrar como funciona o LodLive e sua relação
com a WS, foi realizado uma busca por “Harry Potter”,
uma série britânica de livros de romance, sendo explo-
rada algumas das relações que esse recurso possui den-
tro da base de dados do DBpedia (http://wiki.dbpedia.
org/). Os resultados obtidos estão apresentados na
Figura 3, em que na parte superior é possível visualizar
a tela de busca do LodLive e na parte inferior são apre-
sentados as respostas da busca.
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[Tecnologias da Web Semântica na arquitetura da informação]
Figura 3. Relações exibidas pelo mecanismo Explorator.
Por meio do grafo apresentado na Figura 3, verifica-
-se que esta estrutura poderia auxiliar na navegação,
sendo uma proposta de contextualizar uma infor-
mação ou um conteúdo disponível em um ambiente
informacional digital, utilizando como fonte as bases
de dados do Linked Data. Ainda, a utilização de uma
estrutura como essa poderia auxiliar os sistemas de
buscas.
5.4. Sistemas de busca
A Web Semântica contribui com os sistemas de buscas
facilitando a compreensão das necessidades informa-
cionais do usuário. As tecnologias da WS utilizadas
neste sistema são: OWL, RDF, RDF Schema, SPARQL
e a SWRL. Vale lembrar que algumas aplicações que
fazem uso destas tecnologias e influenciam a busca
foram apresentadas em outros sistemas da AI, são elas:
Knowledge Graph, Rich Snippets e Linked Data.
As tecnologias da WS referentes aos modelos de dados
e de ontologias, como RDF, RDF Schema, OWL, podem
indicar como os dados que um usuário busca estão
relacionados às informações da página e sua localiza-
ção, bem como o contexto de uma determinada busca.
Outro destaque são os mecanismos para as consul-
tas e a construção de inferências, como o SPARQL e
a SWRL, tecnologias que possibilitam recuperar os
dados semanticamente, realizando inferências acerca
das buscas realizadas pelos usuários.
A utilização destas tecnologias para a busca, se baseia
na ideia de que, se um mecanismo computacional for
capaz de compreender o contexto em que os dados se
encontram, a recuperação da informação será mais efi-
ciente, e levará em consideração a semântica formal dos
objetos digitais. Tal questão, tem como consequência
uma exploração aprofundada dos dados, tanto da parte
dos usuários, quanto da parte dos mecanismos compu-
tacionais.
Uma aplicação que utiliza os princípios da WS para
promover um sistema de busca, é o mecanismo de busca
Explorator (exemplo: http://139.82.71.26:3002/explo-
rator), o qual é definido como: “[...] uma ferramenta
de pesquisa exploratória open-source para grafos RDF,
implementada em uma metáfora de interface de mani-
pulação direta.” (Araújo & Schwabe, 2009, p. 3). Essa
aplicação pode ser utilizada em diversos sistemas, pois
seus códigos são abertos e facilmente interoperáveis.
Na perspectiva do Sistema de Busca da AI, o Explora-
tor propõe uma nova maneira de pesquisar e encon-
trar informações, tendo como princípio as triplas RDF
(sujeito relacionado com um objeto por meio de uma
propriedade). Este mecanismo possibilita ao usuário
realizar uma busca e obter como resultado um recurso
(uma entidade que representa algo do mundo real),
bem como as suas relações com outras entidades. Desta
forma, todo o processo de busca é realizado com base
nas relações e nas propriedades de uma determinada
informação, ao mesmo tempo que possibilita ao usuário
uma forma de explorar os dados por meio dos grafos.
O Explorator foi capaz de construir uma forma de “bus-
car”, totalmente integrada aos princípios da WS, em
que os processos de busca e interação são realizados
mediante a navegação e exploração em ambientes estru-
turados em RDF. Essa proposta não segue a perspectiva
de resultados de buscas apresentados em listas lineares,
sem opção para o usuário expandir as informações que
estão relacionadas. Assim, no Explorator, os resultados
da busca são demonstrados graficamente, dispondo os
recursos com a visualização das suas relações e proprie-
dades, como apresentado na Figura 4.
Diante do exposto, verifica-se que a transformação nos
sistemas de busca está diretamente vinculada aos siste-
mas de representação, outro elemento da AI, isso por-
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[Caio Saraiva Coneglian, Sandra Milena Roa-Martinez, Ana Maria Jensen Ferreira da Costa Ferreira, Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti, José Eduardo Santarem Segundo]
que estes sistemas podem inserir elementos essenciais
para descrever e contextualizar um domínio. A seguir
são apresentadas as relações da WS com os sistemas de
representação.
5.5. Sistema de representação
Os vocabulários controlados, tesauros, taxonomias,
folksonomias, ontologias e metadados contidos no Sis-
tema de Representação, possibilitam a interação entre
os usuários humanos e as máquinas.
No âmbito das tecnologias da WS, destaca-se aque-
las, cuja função está na representação dos dados e das
ontologias, como o RDF, a OWL e a XML. Adicional-
mente, o Simple Knowledge Organization System (SKOS) é
um modelo concebido para criar tesauros baseados nas
tecnologias da WS.
Percebe-se que todas essas tecnologias podem ser uti-
lizadas como a base de um projeto de AI no que tange
ao sistema de representação. O uso destas tecnologias é
capaz de representar as informações com alta expressivi-
dade, de forma que os agentes computacionais compre-
endam o significado dos dados expressos no website.
Um exemplo de aplicação que utiliza um sistema de
representação semântico é a Europeana (http://www.
europeana.eu). A Europeana é um ambiente digital
que reúne objetos culturais de bibliotecas, arquivos,
museus e galerias espalhadas pela Europa. Para Winer e
Rocha (2013), os principais propósitos e motivações da
Europeana estão na preservação de todo o conhecimento
registrado desde os primórdios da civilização.
A Europeana está estruturada com o Europeana Data
Model (EDM), modelo que contempla as tecnologias da
WS, como o RDF. Este modelo permite a existência de
relações explícitas de todos os dados da Europeana. Ao
utilizar o ambiente digital, o usuário é capaz de iden-
tificar informações relacionadas de acordo com o con-
texto dos dados.
Neste sentido, Coneglian e Santarem-Segundo (2017)
afirmam que: “O Modelo de Dados EDM utiliza diver-
sos vocabulários para formar um modelo que consiga
expressar as ligações existentes, entre autores, obras,
organizações, direitos autorais, além de outros tipos de
informações, contidas em um objeto cultural.” (p. 91).
Os vocabulários são construídos com o uso de SKOS,
dcterms, dentre outros, o que permite interoperabilidade
com diversas aplicações da Web.
No âmbito dos sistemas de representação da AI, o EDM
possibilita com que as relações apresentadas entre os
conteúdos no ambiente digital da Europeana tenham um
significado explícito para os computadores, permitindo
que a apresentação das informações para os usuários
ocorra com maior precisão. Desta forma, os metadados
dos conteúdos ficam descritos com base no modelo de
dados EDM, o qual conduz a uma representação com
base nos princípios da WS.
A Figura 5 ilustra como as relações do EDM ocorrem,
ou seja, como os diversos recursos estão relacionados
por meio de vocabulários expressivos para o âmbito da
WS. Além disso, é possível verificar a possibilidade de
realizar ligações com outras bases de dados, como por
exemplo o DBpedia.
Figura 4. Relações exibidas pelo mecanismo Explorator.
Figura 5. Exemplo das relações do EDM (Europeana, 2013,
p. 15).
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[Tecnologias da Web Semântica na arquitetura da informação]
Os recursos apresentados, na Figura 5, possuem uma
série de propriedades, que os interligam a outros recur-
sos, permitindo um relacionamento entre os dados que
favorece a compreensão de usuários não-humanos/
máquinas ao explorar informações descritas com esse
esquema. Desta forma, o EDM pode trazer um sistema
de representação para a AI, compatível com os princí-
pios da WS.
5.6. Sistemas da arquitetura da informação e Web
Semântica
Visando sintetizar as contribuições da Web Semântica
para a Arquitetura da Informação descritas anterior-
mente, resumiu-se no Quadro 1 as tecnologias da WS
que foram analisadas e que podem ser aplicadas nos sis-
temas da Arquitetura da Informação. Ainda, para cada
sistema da AI foi apresentada uma aplicação que utiliza
tecnologias da Web Semântica.
Quadro 1. Sistemas de AI e WS.
Sistemas da AI Tecnologias da WS Exemplos de
aplicações da WS
Organização XML, RDF, RDF Schema,
OWL, SPARQL e SWRL
Knowledge Graph
Rotulagem XML, RDF, OWL,
Microdados e RDFa
Rich Snippets
Navegação RDF, OWL e SPARQL Linked Data e
LodLive
Busca OWL, RDF, RDF Schema,
SPARQL e a SWRL.
Explorator
Representação RDF, OWL, XML e SKOS Europeana Data
Model (EDM)
No Quadro 1, identifica-se um conjunto de tecnologias
que se encontram presentes na maioria dos sistemas, as
quais permitem a incorporação de mais significado nos
ambientes informacionais digitais. Dentre essas tecno-
logias, destaca-se RDF e OWL que estão presentes em
todos os sistemas. Tal fato ocorre porque ambas estão
vinculadas à representação dos dados, que perpassa
pelos processos de todos os sistemas da Arquitetura da
Informação.
6. Conclusões
O desenvolvimento de pesquisas que conciliam a Arqui-
tetura da Informação e a Web Semântica são necessá-
rias, uma vez que há uma demanda por aprimorar tanto
a forma como uma informação deve ser estruturada,
quanto o modo de apresentação que deve ser eficiente
para os usuários. Essas demandas são inerentes a AI e
WS, e a interrelação entre elas pode aperfeiçoar o modo
como as informações são dispostas nos ambiente es
informacionais digitais.
A utilização dos conceitos e das tecnologias da WS
em projetos de AI, podem fornecer marcação clara e
significado bem definido dos conteúdos. Assim, o uso
dessas tecnologias favorece a recuperação e aprimora a
acessibilidade. Se as máquinas “compreenderem” o sen-
tido das informações, elas serão capazes de apresentar
o conteúdo de modo acessível e com mais significado
para o usuário.
Para demonstrar a intrínseca relação existente entre a
AI e a WS, o presente trabalho utilizou a Arquitetura
da Informação Sistêmica, com abordagem aos sistemas
de organização, rotulagem, navegação, busca e repre-
sentação, e identificou tecnologias da Web Semântica
que podem enriquecer o projeto da AI. Ainda, foram
apresentadas aplicações que utilizam tecnologias da
Web Semântica no intuito de esclarecer o relaciona-
mento com a Arquitetura da Informação.
Os resultados obtidos evidenciam como cada sistema da
AI pode ser aprimorado com o uso de tecnologias da WS.
Foram destacadas as tecnologias com maior frequência
de utilização. Além disso, foi possível identificar um
conjunto de aplicações que estão transformando a forma
como os usuários navegam na Web com influência direta
da WS, que por sua vez promove uma melhor interação
entre os usuários e os conteúdos informacionais.
Uma consequência da materialização de aplicações
baseadas na WS pode levar ao desenvolvimento de pro-
jetos de AI com a utilização dos princípios da WS em
todos os seus sistemas.
Finalizando, afirma-se que as relações entre a Arquite-
tura da Informação e a Web Semântica permitem auxi-
liar novos projetos de AI, que tenham estrutura com um
nível de semântica formal mais elevado e que estejam
integrados às recomendações da WS.
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[Caio Saraiva Coneglian, Sandra Milena Roa-Martinez, Ana Maria Jensen Ferreira da Costa Ferreira, Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti, José Eduardo Santarem Segundo]
7. Agradecimentos
Os autores agradecem ao Grupo de Pesquisa Novas
Tecnologias em Informação (GPNTI) da Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Brasil), ao
Grupo de Investigación en Inteligência Computacio-
nal (GICO) do Departamento de Sistemas da Univer-
sidad del Cauca (Colômbia), ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - CAPES e à Associação Universitária Ibero-a-
mericana de Pós-graduação - AUIP.
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