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Rev. Interam. Bibliot. Medellín (Colombia) Vol. 46, número 3/septiembre-diciembre 2023 e348101 ISSN 0120-0976 / ISSN (en línea) 2538-9866
https://doi.org/10.17533/udea.rib.v46n3e348101 1
Suely Henrique de Aquino GomesSuely Henrique de Aquino Gomes
Doutora em Ciência da Informação pela
Universidade de Brasília (UnB). Professora
do Programa de pós-graduação em
comunicação (PPGCOM) da Universidade
Federal de Goiás. Brasil. Profa. Titular da
Faculdade de Informação e Comunicação
- FIC/UFG (aposentada). Docente da
Pós-graduação (Mestrado e Doutorado)
em Comunicação, Cultura e Cidadania -
PPGCOM/FIC/UFG)
Lider dos grupos de pesquisa Olhares -
Ciência, corpo e subjetividade - e Lumus
suelyhenriquegomes@gmail.com
http://orcid.org/0000-0002-5711-483X
Mayllon OliveiraMayllon Oliveira
Doutor e Mestre em Comunicação pela
Universidade Federal de Goiás. Brasil.
mayllon.lyggon@gmail.com
http://orcid.org/0000-0003-4836-2222
Geisa Müller de Campos RibeiroGeisa Müller de Campos Ribeiro
Doutora e Mestre em Comunicação pela
Universidade Federal de Goiás. Brasil.
geisamuller@ufg.br
http://orcid.org/0000-0001-5778-1248
Hevellin EstrelaHevellin Estrela
Mestre em Comunicação pela Universidade
Federal de Goiás. Brasil
hevellinestrela@gmail.com
https://orcid.org/ 0000-0002-0203-4875
Cómo citar este artículo: Gomes, Suely; Oliveira, Mayllon; Ribeiro, Geisa; Estrela,
Hevellin (2023). Ingressantes nos cursos de biblioteconomia no Brasil: quem são?
Revista Interamericana de Bibliotecología, 46(3), e348101. https://doi.org/10.17533/udea.
rib.v46n3e348101
Recibido: 2021-03-12 / Aceptado: 2023-31-05
Resumo
Objetiva-se traçar o perfil dos ingressantes nos cursos de Biblioteconomia no Brasil,
priorizando-se as seguintes variáveis: região geográfica, raça, sexo, faixa etária, moda-
lidade de ensino, interrupção do curso, tipo de instituição de procedência do ensino
médio (escola pública ou privada) e de vinculação na graduação. O perfil foi traçado
a partir dos Microdados do Censo do Ensino Superior, publicado em 2020 pelo Insti-
tuto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Foram conside-
rados os alunos ingressantes nos cursos de biblioteconomia ofertados por instituições
públicas e privadas de ensino superior no período de 2015 a 2019 – último ano cober-
to pelo censo. Os principais resultados apontaram que o quadro de ingressantes nos
cursos de Biblioteconomia do Brasil é composto em sua maioria por brancos, do sexo
feminino, com idade entre 20 e 29 anos. Esses ingressantes concluíram o ensino médio
em escolas públicas. Em relação à cor-raça, há variações entre as regiões geográficas.
A taxa de interrupção do curso é maior entre discentes das cores-raças brancas e in-
dígenas e na modalidade EaD. As mulheres ingressantes no EaD apresentam maior
percentual de interrupção do curso. Na modalidade presencial, os homens são mais
propensos a interromperem seus estudos. As instituições públicas de ensino superior
congregam boa parte desses ingressantes, com preponderância do ensino na modali-
dade presencial.
Palavras-chave: ensino superior, etnia, gênero, biblioteconomia.
Ingressantes nos cursos de biblioteconomia no Brasil: quem são?*
© 2023 Universidad de Antioquia. Publicado por Universidad de Antioquia, Colombia.
* Este artigo é parte de estudos feito pelo grupo de autores em relação às desigualdades
sociais enfrentadas no Brasil e a vivência e realidade dos bibliotecários. Buscou-se
conhecer qual é a realidade e de onde vem os ingressantes no curso de bibliotecono-
mia, através da pesquisa em artigos e últimos dados da Pesquisa Nacional por Amos-
tra de Domicílios Contínua (Pnad) publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística.
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2[Hevellin Estrela] Rev. Interam. Bibliot. Medellín (Colombia) Vol. 46, número 3/septiembre-diciembre 2023 e348101 ISSN 0120-0976 / ISSN (en línea) 2538-9866
https://doi.org/10.17533/udea.rib.v46n3e348101
Newcomers In Library Courses
In Brazil: Who Are They?
Abstract
The objective was to trace the profile of the participants in the
Library Economy courses in Brazil, prioritizing the following
variables: geographical region, race, sex, age group, modality
of teaching, interruption of the course, type of institution of
secondary education (public or private school) and linkage
in graduation. The profile was traced from the Microdata
of the Census of Higher Education, published in 2020 by
the National Institute of Educational Studies and Research
Anísio Teixeira. Students enrolled in the library economics
courses offered by public and private higher education
institutions were considered in the period 2015 to 2019 – the
last year covered by the census. The main results pointed out
that the board of enrollers in the Library Economy courses
of Brazil is composed mostly of white, female, between the
ages of 20 and 29. These students have completed their
secondary education in public schools. In terms of color,
there are variations between geographical regions. The rate
of interruption of the course is higher among students of the
white and indigenous colours and in the EaD mode. Women
enrolled in the EaD have a higher percentage of interruption
of the course. In the presencial mode, men are more likely
to interrupt their studies. The public institutions of higher
education gather a good part of these members, with the
preponderance of teaching in the presencial mode.
Keywords: Higher education, ethnicity, gender, library
economy.
Entrenadores en los cursos
de biblioteconomía en Brasil:
¿quiénes son?
Resumen
Se pretende trazar el perfil de los participantes en los cursos
de Biblioteconomía en Brasil, y se priorizan las siguientes
variables: región geográfica, raza, sexo, grupo de edad,
modalidad de enseñanza, interrupción del curso, tipo de
institución de procedencia de la escuela secundaria (escuela
pública o privada) y de vinculación en la graduación. El
perfil fue trazado a partir de los Microdatos del Censo de la
Educación Superior, publicado en el 2020 por el Instituto
Nacional de Estudios e Investigaciones Educacionales Anísio
Teixeira. Se consideraron los estudiantes que ingresaron a
los cursos de biblioteconomía ofrecidos por instituciones
públicas y privadas de educación superior (IES) en el
período de 2015 a 2019, último año cubierto por el censo. Los
principales resultados señalaron que el cuadro de ingresantes
en los cursos de Biblioteconomía de Brasil está compuesto en
su mayoría por blancos, del sexo femenino, con edades entre
20 y 29 años. Estos ingresantes terminaron la educación
secundaria en escuelas públicas. En cuanto al color-raza,
hay variaciones entre las regiones geográficas. La tasa de
interrupción del curso es mayor entre alumnos de los colores-
razas blancas e indígenas y en la modalidad EaD. Las mujeres
que ingresan en el EaD presentan un mayor porcentaje
de interrupción del curso. En la modalidad presencial, los
hombres son más propensos a interrumpir sus estudios.
Las instituciones públicas de educación superior congregan
buena parte de estos ingresantes, con preponderancia de la
enseñanza en la modalidad presencial.
Palabras clave: educación superior, etnia, género,
biblioteconomía.
1. Introdução
Os últimos dados da Pesquisa Nacional por Amos-
tra de Domicílios Contínua (Pnad) publicados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge,
2020a), apontam para uma realidade já há muito co-
nhecida: o Brasil é um país profundamente desigual e
discriminatório (Ibge, 2019c). A Pnad ainda não reflete
o aprofundamento da desigualdade frente à pandemia
da Covid-19, que assolou o mundo em 2020. No entan-
to, o índice de desemprego, a falta de acesso à moradia
saúde e saneamento básico, dentre outros, levam a
concluir que a pandemia atingirá de forma mais con-
tundente a população preta e parda, uma vez que “no
Brasil as desigualdades têm raça, cor e etnia, pois é um
país estruturado pelo racismo, que permanece com as
suas raízes fincadas no sistema escravocrata” (Goes,
et al. 2020, p. 2). Oliveira et al. (2020), ao estudarem a
evolução de óbitos a partir do primeiro boletim sobre
a pandemia em que houve a estratificação por raça, ao
último boletim, constataram que o índice de mortali-
dade para brancos caiu de 62,9% para 41%, enquanto,
entre negros, passou de 34,3% para 57%. A maior letali-
dade de negros, segundo os autores, reflete a chegada da
Covid às populações menos favorecidas e expõe “uma
grande diferenciação nas chances de morte segundo
raça/cor - um paciente negro analfabeto tem 3,8 vezes
mais chances de morrer em relação ao branco com ní-
vel superior” (Oliveira et al., 2020, p. 10). No campo da
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educação, o processo seletivo Enem 2020, cujas provas
foram realizadas em janeiro de 2021, teve recorde de
abstenção, com 51,5% de faltas, conforme informações
de Oliveira (2021).
Entre 143 países, o país ocupava a 10ª posição no
ranking mundial da desigualdade em 2016 - situação
que se agravou em 2020, quando o país passa a ocu-
par a 7ª. posição, apesar de apresentar um índice de
desenvolvimento humano considerado alto1 – 0,765
(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimen-
to [Pnud], 2020). Quando o índice de desigualdade é
computado, o Brasil registra uma queda de 24,5% no
seu IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. O que
isso indica? Indica uma alta concentração de renda.
No país, 10% da população concentra cerca de 42% do
total da riqueza gerada.
Região geográfica e os marcadores de gênero e raça são
variáveis preponderantes na dinâmica da desigualdade
social no Brasil. Segundo pesquisa “A distância que nos
une: um retrato das desigualdades brasileiras”, “os ne-
gros são menos numerosos em todas as faixas de renda
superior a 1,5 salário-mínimo, e para cada negro com
rendimentos acima de 10 salários-mínimos, há quatro
brancos” (Oxford Committee for Famine Reliefe/Co-
mitê de Oxford para o Alívio da Fome [Oxfam], 2017,
p. 26). A combinação dos dois marcadores (de gênero e
raça) mostra que as mulheres pretas são o segmento da
população mais afetado. Essas mulheres representam
28,7% da população brasileira, sendo que 39,8% delas
se encontram em condição de extrema pobreza e 38,1%,
em condição de pobreza (Ibge, 2020a). O mesmo docu-
mento retrata a discrepância no acesso à educação entre
brancos e negros no Brasil. A probabilidade de acesso
de um jovem branco ao ensino fundamental é de 100%,
enquanto esse percentual diminui para 80% quando se
trata de jovens afrodescendentes (Oxfam, 2017, p. 20).
A democratização de um ensino de qualidade - desde o
fundamental ao superior - é apontado como o caminho
a ser perseguido para se enfrentar as desigualdades de
gênero e raça que assolam o país. Tem-se ciência de que,
sob a tutela da meritocracia, “o acesso à educação e as
1 O país ocupa, no total 189 países, a 84ª posição no ranking IDH,
sendo 6º mais alto IDH na América latina, estando atrás de Chile,
Argentina e Uruguai, Peru e Colômbia.
possibilidades de ocupação de carreiras daí resultantes
ilustram o processo de criação de desigualdades” (Sou-
za, Ferreira & Santos, 2021, p. 41).
Algumas conquistas, fruto do fortalecimento do mo-
vimento negro no país em sua luta pela superação do
racismo estrutural, conforme registrado por Ciconello
(2008), foram alcançadas na esfera da política pú-
blica, como, por exemplo, a Lei nº 12.711 de agosto de
2012 (Presidência da República, 2012). Essa lei reserva
50% das matrículas por curso e turno nas universida-
des e institutos federais de ensino superior públicos
para candidatos autodeclarados pretos, pardos e in-
dígenas ou pessoas com deficiência (Ciconello, 2008).
A proporcionalidade desses grupos na população das
unidades federativas de funcionamento da instituição
deve ser levada em consideração na efetivação da lei.
As vagas remanescentes devem, obrigatoriamente, ser
destinadas a estudantes que tenham cursado integral-
mente o ensino médio em escolas públicas.
A referida lei procura romper com a lógica do mérito
para se ter acesso à educação. A meritocracia “tem um
longo histórico de exclusão, restringindo as possibili-
dades de maioria da população brasileira, negra, a favor
de sua minoria branca” (Souza et al., 2021, p. 41).
A partir dessa breve contextualização, a presente pes-
quisa procura responder a seguinte problemática: Qual
o perfil dos ingressantes nos cursos de Bibliotecono-
mia no Brasil? Interessa-nos, caracterizar o quadro de
ingressantes (período de 2015 a 2019) na Biblioteco-
nomia do Brasil em termos de região geográfica, raça,
sexo, faixa etária, modalidade de ensino e natureza da
instituição (pública ou privada) no Brasil; taxa de in-
terrupção (transferência, desvinculação) do curso. Os
dados foram extraídos dos Microdados do Censo do
Ensino Superior de 2019, disponibilizados pelo Ins-
tituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep, 2020a).
2. O ensino superior no Brasil: panorama
em 2019
A Rede de Educação Superior no Brasil (Resb) é cons-
tituída por 2.608 instituições, sendo 302 públicas
(11,6%) e 2306 privadas (88,4%). Quanto ao tipo de
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organização acadêmica,2 a maioria das universidades
brasileiras é pública, situação que se inverte para os
centros universitários (283 privados e 11 públicos) e
faculdades (1933privadas e 142 públicas). As institui-
ções públicas de ensino superior são responsáveis por
24,2% dos matriculados em cursos de graduação, fren-
te aos 75,8% do setor privado. Isso mostra o espaço
que a educação privada ocupa no país (Inep, 2020b).
A Resb oferta 40.427 cursos de graduação e 36 cursos
sequenciais. A maioria dos cursos vinculados às univer-
sidades é na modalidade presencial (87,6%). Os cursos
à distância são predominantemente ofertados por ins-
tituições privadas e se voltam, majoritariamente, para
a licenciatura – no presencial há predominância de
bacharelados. Cabe ressaltar que o ensino a distância,
no período de 10 anos (2009 a 2019), registrou um au-
mento de 192,4% no número de matrículas, enquanto
na modalidade presencial o crescimento foi de 20,3%
nesse mesmo período (Inep, 2020c).
Dados estatísticos mostram um crescimento de 5,4%
no número de ingressantes em 2019 quando compara-
do a 2018. Porém, de 2018 para 2019, houve uma queda
no número de ingressantes na rede pública (-3,7%) e
uma expansão na rede privada de 8,7%. Ao longo de
dez anos (2009-2019), a participação da rede priva-
da cresce 87,1%, enquanto a rede pública aumentou
32,4% no mesmo período (Inep, 2020c, p. 13). Parte do
crescimento do número de ingressantes na rede priva-
da deve-se à expansão do EaD e o crescimento da rede
pública deve-se ao REUNI – Programa de Apoio a Pla-
nos de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais, criado pelo decreto 6.096, de 24 de abril de
2007 (Presidência da República, 2007).3
2 As Instituições de ensino superior (IES) estão classificadas,
quanto à organização administrativa em universidades, centros
universitários, faculdades e institutos federais (IFs) e centros fe-
derais de educação tecnológica (Cefets).
3 Mediante aportes financeiros, o REUNI intentava, dentre ou-
tros objetivos, reduzir taxas de evasão, aumento de vagas para
ingressantes, inclusive com reoferta das vagas ociosas, priori-
zando cursos noturnos; flexibilizar os currículos dos cursos de
graduação; ampliar a mobilidade estudantil, as políticas de in-
clusão e assistência estudantil. Fruto do REUNI, as instituições
federais públicas aparecem “como a maior rede pública com par-
ticipação de 64,2% e com mais de 1,3 milhão de alunos em 2019.
Nos últimos 10 anos, a rede federal aumentou em 59,1% o número
de alunos matriculados (4,8% a.a.)” (Inep, 2020c, p. 20).
As regiões sul e centro-oeste, ambas com 76,8%, tive-
ram a maior variação positiva no número de matrículas
presenciais na rede federal de educação do ensino su-
perior no período analisado. Além disso, “a matrícula
na rede federal está presente em 893 municípios brasi-
leiros, por meio de campi com cursos presenciais ou de
polos EAD” (Inep, 2020c, p. 24). Mas, mesmo assim,
as IES privadas ainda oferecem mais vagas que as pú-
blicas, sendo responsáveis por 94,9% (15.587.493) das
16.425.302 vagas geradas pela rede brasileira de ensino
superior (Inep, 2020b) no ano de 2019.
Constata-se, no entanto, que nem todas as vagas gera-
das pelo Rbes foram preenchidas (Inep, 2020c). Das
vagas provenientes de instituições privadas, somente
26,7% foram ocupadas. A maior taxa de preenchimen-
to de novas vagas (um pouco mais de 90%) ocorreu nas
universidades públicas federais, onde predominam os
cursos presenciais. “É o maior índice de ocupação de
vagas entre as diferentes categorias administrativas”,
diz o relatório do Inep (2020b, p. 10). Chama a aten-
ção o crescimento do EaD, cuja “participação no total
de ingressantes, saltou de 16,1% em 2009, para 43,8%
em 2019” (Inep, 2020c, p. 16, grifo nosso). Por modali-
dade de ensino, tem-se que 44,2% das vagas oferecidas
para ingresso em cursos presenciais foram preenchi-
das, enquanto os cursos à distância preenchem 1 a
cada 5 vagas ofertadas, ou seja, a taxa de “ocupação na
modalidade presencial é maior que na modalidade a
distância” (Inep, 2020c, p. 11).
O panorama que se forma é que a participação das IES
privadas no total de matrículas no ensino superior,
no ano de 2019, (75,8%) foi bem superior a do setor
público (24,2%). “Em relação a 2018, o número de ma-
trículas na rede pública é 0,1% maior, enquanto a rede
privada no mesmo período registrou um crescimento
de 2,4%” (Inep, 2020c, p. 16). Ao longo de 10 anos, o
setor privado aumentou o número de matrículas em
47,3%; a rede pública, por sua vez, registrou incremen-
to de 36,5%. Olhando para a rede de ensino pública, o
segmento das IES federais foi o que registrou maior
avanço no número de matrículas entre 2009 e 2019
(59,1%). Isso significa que “quase 2/3 das matrícu-
las em cursos de graduação da rede pública estão em
instituições federais” (Inep, 2020c, p. 17). O turno no-
turno é responsável por 57,6% dessas matrículas nos
cursos de graduação presencial (Inep, 2020c).
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5[Ingressantes nos cursos de biblioteconomia no brasil: quem são?]
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A rede privada de ensino superior, além de ofertar
mais vagas, tem apresentado também maior taxa de
concluintes. Enquanto 20,1% dos estudantes que
concluíram os cursos de graduação em 2019 são da
rede pública, na rede privada esse percentual chega
a 32,7%. Quando comparado ao ano anterior (2018),
constata-se que “o número de concluintes na rede pú-
blica apresentou uma queda de -3,1%; na rede privada
a variação é de -0,6%” (Inep, 2020c, p. 24). O censo de
2019 registra ainda aumento de concluintes no ensino
superior na modalidade à distância; “Após queda ocor-
rida em 2016, o número de concluintes da modalidade
a distância teve uma oscilação nos anos subsequentes
até 2019, aumentando a sua participação de 19,7% em
2016 para 25,3% em 2019” (Inep, 2020c, p. 25).
Os números do período de 2012 a 2019 revelam um
discreto e gradual avanço em direção à expansão do
ensino superior no Brasil. Porém, ainda se está longe
de atingir a meta 12 estabelecida pelo Plano Nacional
de Educação - PNE, que se propõe até 2024: aumentar
a taxa bruta de matrículas (TBM) de jovens entre 18
e 24 anos para 50%; a taxa líquida de escolarização
na educação (TLE) para 33% e; expandir para 40% a
participação do segmento público do ensino superior
nas novas matrículas na graduação (Ministério da
Educação, 2014). O Relatório do 3º. Ciclo de monito-
ramento das metas do PNBE conclui que, apesar do
crescimento da TBM em 6.2 p.p. no período de 2012
e 2019, para se atingir a meta estabelecida “será ne-
cessário um crescimento de 12,6 p.p. (2,5 p.p. ao ano)”
(Inep, 2020d, p. 275).
A taxa ajustada de frequência líquida no ensino supe-
rior (TLE) para as pessoas na faixa etária dos 18 a 24
anos - intervalo em que os jovens já podem a pleitear
uma vaga nos cursos de graduação ou concluí-lo, foi
de 25,5, em 2019 - crescimento de 5.4 p.p. Esse índi-
ce revela que boa parte dos jovens interrompem seus
estudos quando concluem o ensino médio.4 Provavel-
mente esses jovens ou são conduzidos para o mercado
de trabalho, ou passam a fazer parte dos “nem nem” –
termo utilizado para se referir aqueles jovens que nem
estudam nem trabalham. “Para o alcance da meta de
4 A taxa de jovens com idade de 15 a 17 anos que obtiveram esse
grau de educação e estariam aptos ao ingresso no ensino superior
foi de 71,4 (Ibge, 2020b).
33%, será necessário um crescimento de 7.2 p.p. (1,5
p.p ao ano)” (Inep, 2020d, p. 276).
Em termos raciais, tem-se que a taxa de brancos na
faixa etária dos 18 aos 24 anos que estavam no ensino
superior é quase o dobro daquela para pretos e par-
dos (35,9 e 18,9 respectivamente), ou seja, pessoas da
cor/raça branca nesse intervalo de idade “tem, apro-
ximadamente, duas vezes mais chances de frequentar
ou já ter concluído o ensino superior que um jovem
de cor ou raça preta ou parda” (Ibge, 2020a, p. 90).
Fica evidente que as desigualdades de raças-cor per-
sistem, sendo que “a razão entre escolaridade de
negros e não negros era de 89,9%, em 2019, ou seja,
10.2 p.p. distantes de uma situação de igualdade”
(Inep, 2020d, p. 204).
O percentual de alunos pretos e pardos na rede priva-
da é de 47,0% e 49,9% na rede pública (Inep, 2020e,
tabela 1.10). As mulheres são maioria tanto no ensi-
no superior da rede privada (58,1%) quanto pública
(53,1%). Em termos populacionais, tem-se que 24,5%
das mulheres brasileiras nessa faixa etária “eram estu-
dantes de graduação e 5,1% tinham este grau concluído”
(Ibge, 2020b, p.9). Entre os homens, a realidade é me-
nos favorável, uma vez que esses percentuais chegam
a 18,4% e 3,1%., respectivamente. Além disso, os dados
revelam que “66,3% dos homens de 18 a 24 anos não
frequentavam escola, apesar de não terem concluído o
ensino obrigatório” (Ibge, 2019c, p. 9).
As discrepâncias regionais também não foram su-
peradas. As regiões centro-oeste e sul brasileiras
apresentaram em 2019 as maiores taxas ajustadas de
jovens de 18 a 24 anos no ensino superior (43,3% e
43,0% respectivamente). No centro-oeste, Brasília é
a cidade que se destaca com uma taxa de matrículas
na graduação de 57,2% dos jovens. Seguida por outras
duas capitais de estados da região sul do país: Floria-
nópolis (52,0%) e Porto Alegre (47,0) (Ibge, 2020b).
O Distrito Federal apresenta também o maior percen-
tual de jovens acima de 25 anos que possuíam diploma
de ensino superior (33,8%), 11 pontos percentuais
acima do segundo colocado que é São Paulo (22,8%)
(Ibge, 2020b). Dentre os jovens acima de 25 anos com
diploma de ensino superior, um pouco mais que o do-
bro era da cor-raça branca; apenas 11,1% eram negros,
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6[Hevellin Estrela] Rev. Interam. Bibliot. Medellín (Colombia) Vol. 46, número 3/septiembre-diciembre 2023 e348101 ISSN 0120-0976 / ISSN (en línea) 2538-9866
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ou seja, menos da metade daquele percentual verifica-
do para a cor-raça branca.
Os desafios para inclusão de mais jovens na educação
superior passam também pelo cumprimento da meta 8
do PNE (Ministério da Educação, 2014), que estipula
elevar para, no mínimo, 12 anos a escolaridade da po-
pulação de 18 a 29 anos até 2024, para “as populações
do campo, da região de menor escolaridade no País e dos
25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a
escolaridade média entre negros e não negros declarados
à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica (IBGE)” (Ministério da Educação, 2014, p. 33). Os
dados mostram que os avanços na concretização des-
ta meta também foram lentos. Assim, a escolarização
para pessoas do campo passou de 8,6 em 2012 para 10,0
anos de estudos em 2019. Para a população negra, foram
acrescidos 2,1 anos de escolarização no mesmo período:
em 2012, essa taxa era de 9,0 e passou para 11,1 anos de
estudo. Para os 25% da população mais pobre, a escolari-
zação passou de 7,9 para 10,2 anos.
As médias de escolarização para os 25% da população
mais rica e para a população branca são de 13,2 e 12,3
anos, respectivamente (Ibge, 2020b). Novamente as re-
giões norte e nordeste figuravam, em 2019, como regiões
de menor escolaridade, ambas apresentando média de
10,9 anos de estudo (Inep, 2020d, p. 48). Por cor ou raça,
a taxa de alfabetização é de 79 para pessoas brancas e
66,7 para pessoas pretas ou pardas, uma diferença de 12,9
pontos. Em termos gerais, em 2019, brancos estudavam,
em média, 12,3 anos contra 11,1 anos para a raça preta ou
parda (Ibge, 2020b, tabela 3.8). “O resultado mais desfa-
vorável para as pessoas pretas ou pardas foi identificado
na Região Sul, onde a proporção de jovens de 18 a 24 anos
com menos de 11 anos de estudo e que não frequentavam
escola alcançou 37,2%” (Ibge, 2020a, p. 8). “Vale lembrar
que o Brasil é um país em que a escolaridade implica em
altos retornos salariais, em comparação a outros países
do mundo, como reflete Menezes-Filho (2001)” (Ibge,
2019b, p. 8).
Os dados estatísticos confirmam essa realidade: “42,8%
dos jovens que não estudavam nem estavam ocupados
em 2019 estavam no quinto da população com os meno-
res rendimentos domiciliares per capita e apenas 4,7%
no quinto com os maiores rendimentos” (Ibge, 2020a,
p. 108). Entretanto a situação das mulheres foge à re-
gra: segundo a agência de notícias do IBGE, a “Mulher
estuda mais, trabalha mais e ganha menos do que o ho-
mem” (Ibge, 2019a, p. 1). A taxa de mulheres que estavam
frequentando o ensino médio em 2019 é de 76,4, entre
os homens, a taxa foi de 66,7. Em média, elas estudam
3 horas semanais a mais que os homens (Ibge, 2020b),
mas isso não reflete em salários superiores. Os seus ren-
dimentos são, em média, 76,5% daqueles destinados aos
homens. “Os resultados desagregados por nível de ins-
trução apontam que o diferencial de rendimentos é mais
elevado na categoria ensino superior completo ou mais,
em que as mulheres receberam 63,4% do que os homens,
em 2016” (Ibge, 2018, p. 5).
A evasão (abandono, desistência do curso) continua a ser
um fator preocupante: dos 50 milhões de brasileiros na
faixa etária dos 14 aos 29 anos, 20,2% não completaram
o ensino médio. Destes que não concluíram essa etapa de
ensino, 58,3% eram homens e 41,7% mulheres. Em ter-
mos de cor/raça, verificou-se que 27,3% eram brancos e
71,7% pretos ou pardos. Ou seja, os homens tendem a não
concluir seus estudos mais que as mulheres. E as chances
de pretos ou pardos abandonarem os estudos é extraor-
dinariamente maior que aquelas da população branca
(Ibge, 2020b). O abandono precoce (antes de completar
o ciclo educativo obrigatório), apesar de já ocorrer desde
os 13 anos de idade, tem um aumento significativo a par-
tir dos 15 anos, sendo que é na faixa dos 16 anos e 17 anos
que se encontram os maiores percentuais de abandono
precoce do ensino.
A despeito de ainda não apontarem para a superação da
desigualdade de raça e gênero no país, não se pode ne-
gar que houve alguns avanços no setor da educação no
Brasil, fruto de políticas públicas que priorizam a edu-
cação. A partir dos anos 2000, uma série de medidas
adotadas para minimização das desigualdades no ensino
superior. De forma suscinta, podem ser mencionados a
institucionalização do sistema de cotas na rede pública,
que prevê reserva vagas a candidatos de determinados
grupos populacionais; o Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
– Reuni; o Sistema de Seleção Unificada - SiSU; Programa
Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) – voltado
para estimular a permanência de estudantes de baixa
renda matriculados em cursos de graduação presencial
das universidades federais; Programa Nacional de Assis-
tência Estudantil para as Instituições de ensino superior
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7[Ingressantes nos cursos de biblioteconomia no brasil: quem são?]
Rev. Interam. Bibliot. Medellín (Colombia) Vol. 46, número 3/septiembre-diciembre 2023 e348101 ISSN 0120-0976 / ISSN (en línea) 2538-9866
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Públicas Estaduais (PNAEST); Programa de Apoio à Ex-
tensão Universitária (Proext); Programa de Educação
Tutorial (PET) e o Programa de Estímulo à Reestrutu-
ração e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino
Superior (PROIES). Na rede privada, tem-se a expansão
dos financiamentos estudantis, como o Fundo de Finan-
ciamento Estudantil - FIES e o Programa Universidade
para Todos - PROUNI.Esse conjunto de medidas, apesar
de minimizar as desigualdades, não as erradica de for-
ma definitiva, sendo necessário combiná-lo com outras
ações que garantam condições de permanência desses
grupos no ensino superior, como, por exemplo o PNAES,
o que aponta para a complexidade da questão no nosso
país (Presidência da República, 2010).
No entanto, “ainda é expressivo o grupo que não estu-
da, mesmo sem ter concluído o ensino superior. Em
2019, 23,8 milhões de jovens, de 15 a 29 anos de idade,
sem ensino superior completo, não frequentavam escola,
pré-vestibular ou curso da educação profissional” (Ibge,
2020a, p. 101).
3. Cursos de biblioteconomia no Brasil
As iniciativas para criação do primeiro curso de Bibliote-
conomia no Brasil, vinculado à Biblioteca Nacional (BN),
sediada no Rio de Janeiro, datam de 1911. Essas iniciativas
foram motivadas pela mudança de sede da BN e da de-
manda por uma reforma administrativa, constantes pela
Lei nº 2.356, de 31 de dezembro, que contemplava a cria-
ção de um curso de formação para atender as demandas
na instituição. Os anos de 1930 a 1950 foram marcados
pela expansão do ensino bibliotecário e avanços em
termos de carreira. Em 1958 a Biblioteconomia é reconhe-
cida como profissão liberal de nível superior (Portaria nº
162/58). Em termos de formação, houve a aprovação do
primeiro currículo mínimo de graduação em Biblioteco-
nomia no país (Dec. 550/62 do CFE) (Tanus, 2018).
No presente momento, segundo dados do Inep (2020a),
são contabilizados no Brasil 38 cursos superiores em Bi-
blioteconomia, sendo 29 em instituições públicas e 9 em
instituições privadas, que são oferecidos em 22 Estados
mais o Distrito Federal. Apenas quatro Estados da região
norte não oferecem o curso de Biblioteconomia, são eles:
Acre, Amapá, Roraima e Tocantins. Importa ressaltar
que, até os últimos microdados disponibilizados, o Inep
não relacionou em suas pesquisas nenhuma Instituição
Federal de Ensino Superior pública que ofertasse o cur-
so de graduação em Biblioteconomia na modalidade de
Ensino a Distância (EAD). AS IFES passaram a ofertar
o curso nessa modalidade a partir do ano de 2021, via
adesão ao edital que lançou o Curso Nacional de Biblio-
teconomia a Distância, financiado pela Universidade
Aberta do Brasil (UAB), subordinada à Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino superior – CA-
PES. As estatísticas do INEP ainda não refletem a adesão
das IFES públicas ao curso na modalidade EAD.
4. Metodologia
A pesquisa conduzida é de abordagem quantitativa e
seus objetivos são descritivos exploratórios. Do ponto de
vista técnico, a pesquisa classifica-se como documental
pois faz suas análises a partir dos microdados do Cen-
so da educação Superior publicado em 2020 (Ministério
da Educação, 2020) que refletem os números do ano de
2019. A partir desses microdados, considerou-se ape-
nas os alunos ingressantes nos anos 2015 a 2019.5 Os
microdados do Censo da Educação Superior 2019 do
INEP possibilitam que se trace o perfil dos discentes dos
cursos de Biblioteconomia no Brasil segundo cor, sexo,
idade e região geográfica.
As tabelas dos microdados vêm em formato csv, com
delimitação por vírgulas e foram extraídos, tratados e
normalizados através de linguagem Python. Python é um
software de código aberto que permite automatizar ta-
refas e adicionar novas funcionalidades (Borges, 2014).
Após a extração dos registros no formato de planilhas
Excel, eles foram filtrados utilizando-se o código da área
do curso classificado e informado pelo Censo (0322B01)
e logo após, as suas variáveis foram cruzadas, usando-se
o recurso “tabela dinâmica” do Excel. As variáveis consi-
deradas para a análise foram: tipo de instituição (pública
ou privada), região geográfica, raça, sexo, ano de ingres-
so, modalidade do ensino (presencial ou EAD, idade,
situação no curso (desistência, não concluinte).
5. Resultados e análise dos dados
A distribuição de ingressantes por raça e região geo-
gráfica revela que dos 8.015 graduandos do curso de
5 2015 foi tomado como marco uma vez que foi a partir desse ano
que houve uma adesão significativa ao Enem E SiSU.
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8[Hevellin Estrela] Rev. Interam. Bibliot. Medellín (Colombia) Vol. 46, número 3/septiembre-diciembre 2023 e348101 ISSN 0120-0976 / ISSN (en línea) 2538-9866
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Biblioteconomia – modalidade presencial,6 69,60% de-
les estão nas regiões geográficas nordeste e sudeste do
país. Em relação à etnia-raça, tem-se que 39,03% dos
ingressantes nos cursos de biblioteconomia – moda-
lidade presencial se autodeclaram da cor/raça branca;
12,76% se dizem preta; 36,01% parda, 1,83% amarela,
0,44% indígena e 9,93% não declararam raça/cor, mas
há diferenças regionais nessa composição étnico-racial.
O Gráfico 1 mostra claramente que nas regiões norte e
nordeste do país, a maioria dos ingressantes na moda-
lidade presencial (64,39% e 47,35% respectivamente)
se autodeclaram da cor/raça parda. Nessas duas re-
giões, pretos correspondem a 14,33% e 15,12% de seus
ingressantes, respectivamente - essas foram as maiores
proporções de pretos entre os ingressantes em termos
geográficos. Os ingressantes brancos equivalem, res-
pectivamente, a 14,75% e 24,03% dos ingressantes no
curso nessas regiões.
Essa situação se inverte nas regiões sul e sudeste do
país, onde predominam discentes que se autodeclaram
da cor/raça branca: no Sul, 71,72% e no Sudeste, 44,7%
estão nesse grupo. Os percentuais de pretos são de 12,80
no Sudeste e 9,05% no sul. Esses dados por região não
destoam do mapa racial do país, onde, notadamente, a
região nordeste concentra maior percentual de negros
e pardos e a região sul de brancos. A representativida-
de de outras raças (indígenas e amarelos) nos cursos é
muito pequena.
Diante desta realidade, podemos afirmar que, enquanto
nas regiões sul e sudeste a Biblioteconomia é branca,
nas regiões norte e nordeste e centro-oeste do país ela é
parda. Porém, quando agregados nacionalmente, vê-se
uma leva preponderância da cor/raça branca (39,02%)
em relação à parda (36,01%) na modalidade de ensino
presencial. Essa tendência é puxada pelas regiões sul e
sudeste do país que agregam 50,91% do total dos alu-
nos de biblioteconomia no Brasil e 26,88% do total de
ingressantes brancos (modalidade presencial).
6 Os dados do ensino a distância foram omitidos para análises
regionais uma vez que os alunos são registrados como matri-
culados na região sede da instituição ofertante e não nos polos
EAD distribuídos pelo país. Essa forma de registro pode gerar
vieses na análise uma vez que um aluno vinculado a um polo da
região-centro oeste, por exemplo, pode ser contabilizado como
frequentador de uma instituição do sul.
Os dados mostram ainda uma expansão do quadro dis-
cente do curso. Em 2019, o número de ingressantes foi
3,84 vezes maior quando comparado a 2015. Essa taxa
de crescimento foi puxada pelas instituições privadas
cujo número de ingressantes mais que quadriplicou
(4,79), enquanto nas públicas a taxa o crescimento foi
de 3,37 vezes quando comparada ao ano de 2015. Neste
ano, o setor privado tinha 1 a cada 1,85 ingressantes em
instituições públicas; em 2019, essa relação passa para
1 a cada 1,33 ingressantes no curso de biblioteconomia.
Mesmo diante da crescente participação do setor priva-
do na formação de bibliotecários no país, as instituições
públicas acolheram no período analisado 61,55% do to-
tal de ingressantes no curso. No ano de 2019, do total
de 3.700 ingressantes no curso no Brasil, 57,14% foram
para instituições públicas (Tabela 1). Há de pontuar
que esse crescimento de ingressantes na Biblioteco-
nomia já refletem as políticas públicas de expansão e
democratização do ensino superior - REUNI. Somados
os números das instituições públicas e privadas, verifi-
ca-se que o total de ingressantes em 2019 é 3,43 vezes
maior que aquele registrado no ano de 2015.
Em termos etino-raciais, a maior taxa de crescimento
no número de ingressantes no período de 2015 a 2019,
desconsiderando-se aqueles que não declararam cor-
-raça (crescimento de 4,38), ficou no grupo de cor-raça
branca (3.54), seguida de pardos (3,21), pretos (3,15),
amarelos (2,41) e indígenas (1,13) (Tabela 2). A taxa
de crescimento de ingressantes pardos (2,72) é maior
que aquela verificada entre os brancos (2,48) de 2015
a 2017, quando começa a perder força. Entre os pretos,
observa-se a menor taxa de desaceleração no número de
ingressantes: de 2015 a 2017, o crescimento era de 2,28 e
passa para 1,32 em 2018-2019, e queda de 0,96 no ritmo
de crescimento.
Observa-se que a maioria dos declarantes da cor-raça
preta (74,01%), indígena (73,68%) e amarela (61,40%)
ingressantes na Biblioteconomia está em instituições
públicas. Nessas instituições, em 2019, o número de in-
gressantes pretos e pardos no curso mais que duplicou
em relação à 2015, com taxas de crescimento de 2,74 e
2,92, respectivamente. Mas essas ainda são inferiores
àquela verificada para os autodeclarados brancos que
experimentaram um aumento de 4,07 vezes no núme-
ro de ingressantes em instituições públicas: em 2015
contabilizavam-se 244 alunos brancos nessas institui-
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9[Ingressantes nos cursos de biblioteconomia no brasil: quem são?]
Rev. Interam. Bibliot. Medellín (Colombia) Vol. 46, número 3/septiembre-diciembre 2023 e348101 ISSN 0120-0976 / ISSN (en línea) 2538-9866
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ções, em 2019, esse número pula para 834. Em relação
às instituições privadas, constata-se que a maior taxa
de crescimento está no grupo de ingressantes pretos
(5,35), seguida de pardos (4,98) e brancos (4,33). Ob-
serva-se também que no período analisado houve um
aumento considerável de ingressantes que não de-
clararam sua raça-cor: nas instituições públicas, esse
número cresceu 5,67 vezes, enquanto nas privadas esse
aumento foi de 4,72 (Tabela 1).
Quanto à modalidade de ensino (presencial x EaD), esta
congrega 30,3% do total de ingressantes, ou seja, tem-se
1 ingressante EaD para cada 3,3 presenciais. Em relação
à cor-raça, para cada 3,81 pretos que ingressam no ensi-
no superior na modalidade presencial tem-se um (1) no
ensino a distância. Para a raça/cor branca, essa relação é
de um (1) EaD para cada 1,83 presencial. Entre os indí-
genas, tem-se um discente EaD para cada 4,5 alunos na
modalidade presencial. Observa-se que a maioria dos
ingressantes negros e indígenas no ensino superior está
vinculada às instituições públicas na modalidade pre-
sencial. Cabe esclarecer que os cursos à distância são
ofertados majoritariamente pela rede privada de ensino
superior (Tabela 2).7
A análise do perfil dos ingressantes segundo as va-
riáveis raça e sexo no período analisado (2015-2019)
(Gráfico 2) mostra que as mulheres são maioria (70,4%).
Dessas, 30,0% são brancas; 7,6%, pretas; 23,4% pardas;
1,22% amarelas; 0,21% são indígenas e 8,1% não declara-
ram raça ou cor. Os homens brancos representam 12%
do quadro de ingressantes dos últimos 5 anos; já os pre-
tos correspondem a 3,54% dos matriculados no curso;
pardos, 9,9%; amarelos, 0,54%; indígenas, 0,16 e; não
declarados, 2,93%. Somando-se o número de homens
e mulheres que se autodeclaram da cor-raça branca,
constatamos que esses são predominantes no curso,
com 42,55% de ingressantes, seguidos por homens e
mulheres pardos – 33.29%. Vale lembrar, conforme
visto anteriormente, que os cursos presenciais concen-
tram a maioria desses ingressantes.
7 Em 2021, 11 Universidades Federais brasileiras passaram a ofer-
tar, em turma única, o curso de biblioteconomia na modalidade
EaD, em adesão ao Curso Nacional de Biblioteconomia na moda-
lidade EaD, patrocinado pela CAPES. Essas 11 universidades ofe-
receram um total de 3.010 novas vagas no EaD, o que irá impactar
a relação ensino presencial x EaD nos próximos anos. Ainda não
há previsão de continuidade da oferta do curso.
Em termos de idade, 7,71% dos ingressantes estão na
faixa etária dos 15 aos 19 anos, enquanto 48,91% estão
no intervalo dos 20 aos 29 anos (Tabela 3). Esses dois
intervalos de idades congregam 56,62% dos ingressan-
tes no curso no período de 2015 a 2019. A faixa etária
dos 30-39 anos corresponde a 23,65%; dos 40-39 são
13,09%, e 6,63% são ingressantes com idade igual ou
superior aos 50 anos. Interessante observar que o sis-
tema registrou o ingresso de 4 alunos com idade no
intervalo dos 70-74 anos. Vê-se que o curso tem atraído
pessoas com idade um pouco acima da média nacional
que é de 19 anos. Desses jovens que ingressaram no cur-
so com idades entre 15 e 29 anos, temos que 41,13% são
brancos, 11,90% são pretos, 34,49% são pardos, 0,44%
são indígenas, 1,93% são amarelos e 10,11% não decla-
raram a raça-cor. O maior percentual de pessoas que
ingressam no curso com 50 anos ou mais também cor-
responde à raça-cor branca (7,72%), seguida da raça-cor
parda (5,81%).
A maior parte dos ingressantes no curso nos anos de
2015 a 2019 concluiu o ensino médio em escolas pú-
blicas (61,55%). Dos pretos que ingressaram no curso,
74,1% vieram das escolas públicas – sendo esse o maior
percentual considerando a raça e a cor. Logo em se-
guida, tem-se os indígenas - 73,68% são oriundos do
ensino público. O menor percentual corresponde aos
ingressantes pardos e brancos. Nesses grupos 45,89% e
54,7%, respectivamente, completaram o ciclo de ensino
médio em escolas públicas. Chama a atenção o fato de,
em 2019, o número de ingressantes pretos provenientes
do ensino médio privado ser 5,25 vezes maior quando
comparado àquele do ano de 2015. Apesar desse incre-
mento, o percentual de pretos ingressantes no curso
que estudaram em rede privada de ensino é de apenas
3,15% do total de ingressantes no período de 5 anos,
enquanto esses percentuais para brancos e pardos são
de 18,69% e 12,10%, respectivamente (Tabela 4) A in-
terrupção do curso, seja por trancamento de matrícula
ou desvinculação de qualquer natureza, é um fenômeno
que preocupa. O número de discentes nessa situação
corresponde à 20,81% do total dos 12.146 ingressantes
no curso (modalidade presencial e EaD) no período
analisado (Tabela 5). Como era de se esperar, conforme
noções levantadas pelo Censo EAD (Associação Bra-
sileira de Educação a Distância [Abed], 2021), a taxa
de interrupção de curso na modalidade EaD (25,35%)
é 6,51 p.p maior que aquela do presencial (18,83%).
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Gráfico 2. Distribuição de ingressantes (2015-2019) do curso de Biblioteconomia no Brasil, segundo raça e sexo.
Fonte: Inep (2020d).
Tabela 1. Distribuição de ingressantes no curso de Biblioteconomia no Brasil por raça e tipo de instituição
Raça/
cor
2015 2016 2017 2018 2019 Total
PU PR PU PR PU PR PU PR PU PR
Branca 379 69 528 133 629 485 758 600 834 753 5168
Preta 127 5 165 11 231 70 223 93 277 139 1341
Parda 336 21 485 57 649 323 672 354 744 403 4044
Indígena 8 0 11 0 8 1 2 5 6 3 44
Amarela 22 0 28 3 26 17 42 21 29 24 212
ND 90 21 162 30 127 65 194 162 223 263 1337
Total 962 116 1379 234 1670 961 1891 1235 2113 1585 12146
Legenda. PU – instituições públicas; PR – instituições privadas; ND – não declarada.
Fonte: Inep (2020d).
Nota. Não estão contabilizados os ingressantes no EAD.
Gráfico 1. Distribuição de ingressantes (2015 a 2019) do curso de Biblioteconomia no Brasil por raça e região geográfica –
modalidade presencial.
Fonte: Inep (2020d).
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11[Ingressantes nos cursos de biblioteconomia no brasil: quem são?]
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Tabela 2. Distribuiçãode ingressantes no curso de Biblioteconomia no Brasil por raça e modalidade de ensino (presencial ou EaD)*
Branca Preta Parda Indígena Amarela ND Total
Ead 1824 279 1031 8 59 476 3677
Presencial 3344 1062 3013 36 153 861 8469
Total 5168 1341 4044 44 212 1337 12146
*Contabiliza-se todo o corpo discente dos anos de 2015 a 2019.
Fonte: Inep (2020d).
Tabela 3. Distribuição de ingressantes no curso de Biblioteconomia no Brasil por raça e faixa etária*
Raça/
Faixa
etária
15 -19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 >=50 TOTAL
Branca 361 1.542 924 676 567 403 294 399 5166
Preta 96 475 247 188 136 89 57 52 1340
Parda 332 1.366 673 535 384 307 210 235 4042
Indígena 3 12 15 6 3 1 3 1 44
Amarela 21 65 47 28 15 22 8 6 212
Não
declarada
123 414 160 168 167 102 96 112 1342
Total 936 3874 2066 1601 1272 924 668 805 12146
* A idade aqui diz respeito à idade do ingressante na data do censo. Consideram-se todos os alunos que tenham ingressado entre 2015 e
2019, ou seja, também inclui os formados, desvinculados, cursando e afins.
Fonte: Inep (2020d).
Tabela 4. Distribuição de ingressantes no curso de Biblioteconomia no Brasil por raça e tipo de instituição do ensino médio
(pública ou privada)
Raça/cor 2015 2016 2017 2018 2019 Total
PU PR PU PR PU PR PU PR PU PR
Branca 379 69 528 133 629 485 758 600 834 753 5168
Preta 127 5 165 11 231 70 223 93 277 139 1341
Parda 336 21 485 57 649 323 672 354 744 403 4044
Indígena 8 0 11 0 8 1 2 5 6 3 44
Amarela 22 0 28 3 26 17 42 21 29 24 212
Não
declara 90 21 162 30 127 65 194 162 223 263 1337
Total 962 116 1379 234 1670 961 1891 1235 2113 1585 12146
Legenda. PU – instituições públicas; PR – instituições privadas; ND – não declarada.
Fonte: Inep (2020d).
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Segundo o Censo EaD 2020, do total de 55 instituições
públicas que oferecem curso de graduação na modali-
dade EaD e participaram da pesquisa conduzida pela
ABED, 31 sinalizaram que a evasão do aluno Ead em
suas instituições estava acima de 21%. Na graduação
presencial, das 98 instituições participantes, 63 afirma-
ram que o percentual de evasão estava abaixo de 15%.
Nas privadas, 21 das 38 IES participantes, o percen-
tual de evasão estava acima dos 25% na EaD e abaixo
de 15% no presencial. É importante salientar que esses
percentuais são frutos da percepção dos participantes
em decorrência das suas vivências.
Na modalidade EaD, o maior percentual de interrup-
ção do curso está entre os indígenas (62,5%), seguidos
da cor-raça amarela (27,12%); preta (26,88%). Os das
cores-raças branca e parda apresentam percentuais de
interrupção do curso muitos próximos: 25,49 e 25,41%,
respectivamente. Dos que não declararam cor-raça na
modalidade, 22,99%, deixaram de frequentar o curso.
Na modalidade presencial, esta ordem é alterada: a
cor-raça branca é que apresenta o maior percentual de
interrupção do curso (21,65%), seguida das cores-raças
indígena (19,44%), não declarados (18,24%), parda,
(17,72%), amarela (15,03%) e preta (14,12%).
Em termos somente de raça-cor, sem levar em conside-
ração a modalidade de ensino, verifica-se que 23,00%
dos brancos e 25,0% dos indígenas, considerando-se o
total de inscritos em cada categoria étino-racial, tran-
caram ou se desvincularam do curso (Tabela 5). Os
que se autodeclaram pardos, amarelos e aqueles que
omitiram essa informação apresentam percentuais de
interrupção muito próximos: em média, 19,33% de alu-
nos desses grupos deixaram de frequentar o curso. Dos
alunos ingressantes da cor-raça preta, 16,33% compõem
esse cenário. Dentre os alunos, portanto, observa-se que
os maiores índices de interrupção do curso correspon-
dem àqueles que se autodeclaram indígenas e brancos,
enquanto os pretos apresentam menor percentual de
trancamento ou desvinculação do curso.
Quanto às regiões geográficas – lembrando que para
a análise não consideramos o EaD conforme justifica-
do na metodologia, o número relacionado ao sudeste
corresponde a 42,47% do total de trancamentos e des-
vinculação do curso. A participação das demais regiões
nesse quadro são: 5,65% de desistentes são da região
norte; 25,72%, da região nordeste; 10,10%, da região
centro-oeste e; 16,06%, da região sul. Porém, se con-
siderarmos número de desistências e dividirmos pelo
número de ingressantes de cada região (ver Gráfico 1),
temos que os menores índices de interrupção do curso
estão nas regiões nordeste e norte, onde, em média, 1,59
alunos a cada 10 ingressantes desistem do curso. Nas
regiões centro-oeste, sudeste e sul do país, esse índice é
o dobro: em média, 2,26 a cada 10 alunos encontram-se
nessa situação.
A análise, pela variável sexo, evidencia que 23,42%
dos homens e 19,70% das mulheres que ingressaram
na Biblioteconomia interromperam o curso, enquan-
to 19,70% (Gráfico 3). Os dados apontam diferenças
consideráveis quando agregarmos à análise a variável
modalidade de ensino. No ensino presencial, mais da
metade das mulheres (58,1%) interromperam o curso;
o percentual de homens no EaD nessa situação é de
30,46%. Para o presencial a situação se inverte, mas
não com uma diferença tão acentuada nos percentuais
como a verificada no EaD. Na modalidade presencial,
21,27% dos homens e 17,50% das mulheres deixaram,
mesmo que temporariamente, de frequentar o curso.
Tabela 5. Trancamento e desvinculação segundo a raça e modalidade de ensino*
Branca Preta Parda Indíge-na Amarela Não De-clarada Total
EaD 465 75 262 5 16 109 932
Presencial 724 150 534 7 23 157 1.595
TOTAL 1.188 225 797 11 39 266 2.527
*Considera: falecidos, desvinculados, transferências para outros cursos na mesma IES, matrícula trancada. Desconsidera formados.
Fonte: Inep (2020d).
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13[Ingressantes nos cursos de biblioteconomia no brasil: quem são?]
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6. Considerações finais
Os microdados do Censo de ensino superior de 2019
disponibilizado pelo Inep (2020a) revelou que o qua-
dro de ingressantes do curso de Biblioteconomia no
Brasil é formado majoritariamente por mulheres bran-
cas, com significantes variações regionais. Se nos cursos
ofertados no sul e sudeste há concentração de discen-
tes brancos, nas regiões norte e nordeste predominam
ingressantes pretos e pardos. Essa situação não é estra-
nha porque reflete a distribuição racial no Brasil.
Os ingressantes no curso estão na faixa-etária dos 20-29
anos, faixa etária um pouco acima da média de idade
nacional que é de 19 anos. Esses ingressantes são oriun-
dos de escolas públicas e a maioria está vinculada às
instituições públicas do ensino superior. A relação de
ingressantes na EaD é de 1 a cada 3,3 alunos na modali-
dade presencial. Certamente a oferta, a partir de 2021,
do Curso Nacional de Biblioteconomia na modalidade
EaD por 11 instituições públicas federais de ensino su-
perior alterará essa relação. Também se espera que a
pandemia que assolou o mundo no ano de 2020 amplie
a representatividade de pessoas da cor-raça branca no
curso, uma vez que há fortes indícios que a população
preta do país foi a mais afetada pela crise sanitária.
Sobre a interrupção do curso, conclui-se que os maiores
percentuais estão no EaD e nos ingressantes que se au-
todeclaram das cores-raças indígena e branca. Esses são
os dois grupos mais propensos a interromperem o curso.
7. Referências
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Nota. Consideram-se: falecidos, desvinculados, transferências para outros cursos na mesma IES, matrícula trancada. Desconsidera o EAD e
formados.
Gráfico 3. Interrupção do curso segundo sexo e modalidade de ensino.
Fonte: Inep (2020d).
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14[Hevellin Estrela] Rev. Interam. Bibliot. Medellín (Colombia) Vol. 46, número 3/septiembre-diciembre 2023 e348101 ISSN 0120-0976 / ISSN (en línea) 2538-9866
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
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