URL DOI: http://doi.org/10.17533/udea.efyd.v33n1a04
OS CURRÍCULOS QUE FORMAM PROFESSORES DE
EDUCAÇÃO
FÍSICA E A SÍNDROME DE ESTOCOLMO: EXPLICAÇÕES PARA O CHOQUE COM A
REALIDADE[1]
LOS CURRÍCULOS
DE FORMACIÓN DE
PROFESORES DE EDUCACIÓN FÍSICA Y EL SÍNDROME DE ESTOCOLMO:
EXPLICACIONES PARA EL CHOQUE
CON LA REALIDAD
THE CURRICULA THAT MAKE PHYSICAL
EDUCATION
TEACHERS AND STOCKHOLM
SYNDROME:
EXPLANATIONS FOR THE
REALITY SHOCK
Marcos Garcia Neira
Pós-Doutorado
Universidade do Minho e Pós-Doutorado Universidade Estadual de
Campinas (UNI-
CAMP), Doutorado em Educação, Mestrado em Educação.
Professor
da Universidade de São Paulo (Brasil)
mgneira@usp.br
Neira G., M. (2014).
Os currículos que formam professores de
educação física e a síndrome de estocolmo: explicações para o choque
com a
realidade. Revista Educación Física y Deporte, n.33 (1), 51-71, Ene-Jul 2014
RESUMO
Este
artigo analisa os currículos da formação inicial em Educação Física
com o objetivo
de obter explicações com respeito ao chamado “choque de realidade”. Os
dados
obtidos através de observações, análise de documentos e entrevistas
com
docentes e discentes, foram confrontados com as referências teóricas
dos
Estudos Culturais. As interpretações realizadas indicam que as
experiências de
formação durante os cursos de Educação Física podem ser
responsabilizadas pelas
dificuldades enfrentadas pelos egressos assim que esses começam sua
carreira.
Os jovens professores tendem a culpar os alunos sem questionar sua
formação, e
experimentam uma relação que se assemelha à Síndrome de Estocolmo.
PALAVRAS-CHAVE:
Currículo; Educação Física; Formação de Professores
RESÚMEN
Este
artículo
analiza los currículos de la formación inicial en Educación Física con
el objetivo de obtener aclaraciones con respeto al llamado “choque de
realidad”. Los datos obtenidos a través de observaciones, análisis de
documentos y entrevistas con docentes y discentes, han sido
confrontados con
las referencias teóricas de los Estudios Culturales. Las
interpretaciones
realizadas indican que las experiencias de formación durante los
cursos de
Educación Física pueden ser responsabilizadas por las dificultades
enfrentadas
por los egresos así que esos empiezan sus carreras. Los jóvenes
profesores
tienden a culpabilizar los alumnos sin cuestionar su formación, y
experimentan
una relación que se asemeja a la Síndrome de Estocolmo.
PALAVRAS CLAVE:
Currículo; Educación Física; Formación de Profesores
ABSTRACT
The study analyses the curricula
of initial
training in Physical Education seeking explanations for the so-called
"reality shock". The data was obtained through observations, analysis
of documents, and interviews to professors and students; the data was
triangulated with the theoretical background of cultural studies. The
data
interpretation indicates, that the formative experiences during the
physical
education courses are related to the form that graduate face their
majors. The
young professors have the tendency to blame learners without
questioning their
education, and experiment a relationship that is similar to the
Stockholm
syndrome
KEY-WORDS: Curricula, physical
education,
courses, professors training, formative experiences.
INTRODUÇÃO
É
comum o
professor em início de carreira experimentar o que Tardif (2005)
denominou de
“choque com a realidade”. O interessante é observar que muitos
profissionais
que experimentam a situação terminam por culpar os alunos pelo próprio
fracasso
e deixam passar a oportunidade de refletir sobre o processo que gerou
o quadro
desalentador. É mais provável que procurem contornar os problemas com
o apoio
dos mais próximos ou apelem para o senso comum. Dificilmente analisam
criticamente o próprio percurso formativo ao ponto de questionar
porque lhe ensinaram
certos conhecimentos que, quando formados, parecem inúteis e porque
não
aprenderam o que precisam saber para atuar na escola atual.
O
sentimento de fraqueza experimentado perante as turmas da Educação
Infantil,
Ensino Fundamental, Médio ou da Educação de Jovens e Adultos, coloca
em xeque
tudo o que aprenderam dado o descompasso verificado entre a satisfação
pela
posse do diploma e o sofrimento no cotidiano profissional. Não à toa,
os
currículos dos cursos de formação inicial de professores são, neste
momento,
postos em xeque. Infelizmente, como se sabe, uma das aprendizagens
mais bem
consolidadas na universidade é, justamente, a aceitação passiva
daquilo que é
proposto. Enquanto grande parcela dos professores universitários atua
no
sentido da manutenção das condições vigentes, preservando, a todo
custo, a
inviolabilidade do território disciplinar, os estudantes, em busca da
sobrevivência acadêmica, colocam em primeiro lugar a conclusão do
curso pela
via mais fácil, ou seja, procuram apossar-se dos conteúdos e dominar
as
práticas adotadas de forma a obter mais suavemente as médias para
aprovação.
A
problemática apresentada se amplia quando os olhares se voltam para a
formação
para a docência na Educação Física. Os estudos de Alviano (2011),
Nunes (2011)
e Vieira (2013) discutiram as críticas desferidas aos currículos dos
cursos de
Licenciatura em trabalho anterior (Neira, 2009), ampliaram
significativamente
seus achados e encontraram novas respostas para o problema. Na
ocasião,
empregamos uma bricolagem de métodos de pesquisa para analisar
programas
disciplinares e sua inter-relação, entrevistar docentes e
licenciandos, além de
observar suas atividades didáticas. Chegou-se à conclusão que o
currículo da
formação de professores de Educação Física pode ser concebido sob a
metáfora do
Frankenstein[2].
Ao
longo
da sua trajetória curricular, o futuro professor toma contato com
posicionamentos desprovidos de fundamentação, discursos pouco
construtivos com
relação ao exercício da profissão na escola, acessa críticas vazias
sobre o
aluno da educação pública, o funcionamento da escola e o professor que
ali
trabalha. Apple (2003) identificou fenômeno semelhante nos Estados
Unidos.
Segundo o autor, práticas discursivas assim proferidas, apenas
deformam.
Colaboram para socializar a visão de que a educação deveria estar sob
responsabilidade de instituições privadas, por serem eficazes,
modernas e
possuírem profissionais bem preparados e motivados. O que está por
trás disso é
a tentativa de desqualificação da escola pública. Sem muito esforço já
é
possível notar as sequelas dessa avalanche. Buscando fugir da
identificação com
os “incompetentes” e preguiçosos, os professores iniciantes sonham em
atuar na
rede privada, mesmo que isso implique na diminuição dos vencimentos e
piora nas
condições de trabalho.
Ademais,
a
exaltação de determinadas posturas afastadas do cotidiano pedagógico e
a
idolatria com relação a outros espaços e pessoas, leva o universitário
a
construir representações confusas acerca do que seja ensinar o
componente na
Educação Básica. Como decorrência desse processo, identificou-se o
desenvolvimento de atividades de ensino objetivando, simultaneamente,
a
melhoria de funções psicomotoras, capacidades físicas, socialização
infantil e
aquisição de conhecimentos da cultura corporal. Em planos de ensino e
registros
das aulas notou-se a emergência de práticas assemelhadas àquelas
esperadas em
escolinhas de esportes, centros recreativos e academias de ginástica
(Neira,
2009). A realização desse estudo conduziu à suspeita que o currículo
da
formação de professores de Educação Física pode ser responsabilizado,
em certa
medida, pelo mencionado choque com a realidade.
A
proliferação de discursos divergentes no interior currículo da
Licenciatura
talvez possa ser tomada como uma das possíveis maneiras de interpretar
o
problema. Quando incita o futuro educador a assumir diferentes
posições de
sujeito, isto é, diferentes identidades docentes (o professor que
ensina
esportes, que organiza os treinamentos, que ensina brincadeiras, que
atua na
escola), está, na verdade, transmitindo noções acerca do seu papel
social e
institucional.
O
problema
no currículo da formação inicial tem início já no momento da sua
construção.
Alviano (2011) investigou questão, procurando analisar as relações de
força que
atuaram numa experiência de construção curricular democrática. O
estudo
realizado possibilitou compreender que a ideia de trabalho coletivo
que permeou
a elaboração do currículo, ao sofrer um estranhamento durante a
pesquisa,
mostrou-se frágil e destituída do pretendido caráter participativo,
visto que
as preocupações personalistas de pequenos grupos fizeram valer sua
condição de
poder, enquanto as perspectivas dos setores fundamentais da sociedade
como os
professores em atuação na Educação Básica e os próprios estudantes de
Educação
Física não tiveram suas vozes ouvidas. O Frankenstein, portanto, é o
fruto de
lutas que antecedem a existência do currículo.
A
investigação de Nunes (2011) problematizou como a maquinaria
discursiva e a não
discursiva presentes em um currículo de Licenciatura em Educação
Física
subjetivam sujeitos e operam representações em meio aos discursos da
cultura
empresarial como eficiência, flexibilidade e mérito, e caros à
educação como
justiça social, reconhecimento e cidadania. Por meio de uma
etnografia, o autor
investigou a posição de sujeito assumida pelos discentes frente às
situações
didáticas e os conflitos decorrentes. A partir da análise do
currículo, extraiu
os regimes de verdade das disciplinas e suas estratégias de negociação
e
inferiu os modos de regulação da educação pelo mercado, que tencionam
governar
os sujeitos para adequarem-se à ordem econômica mundial. O resultado
dessa
maquinaria tem sido a formulação do Frankenstein (o currículo-criador)
e a de suas
criaturas, os futuros docentes. Por objetivar os diferentes sentidos
da
intervenção do egresso em campos tão diversos quanto distintos, Nunes
verificou
que o currículo-criador hibridiza os discursos oficiais, as tendências
pedagógicas e a história do componente. Por conta disso, seus sujeitos
tornam-se múltiplos, fragmentados e contraditórios, ajustando-se à
ordem do
empreendimento pessoal e transformando-se em commodities a fim de atuarem em acordo com as normas do mercado.
Partindo do pressuposto que a complexidade da sociedade
contemporânea
interpela os sujeitos de diversas formas, Vieira (2013) investigou o
processo
de construção identitária dos docentes universitários, visando
compreender o
posicionamento dos professores diante das propostas curriculares
existentes na
área. Optou pelo método de história oral para analisar a constituição
da
identidade e os processos de identificação do professor responsável
por
disciplinas pedagógicas dos cursos que formam professores de Educação
Física.
Os resultados indicaram uma presença marcante de identidades docentes
acríticas, fruto das trajetórias de vida e identificações com
contextos
contingentes. Diante de vetores de poder macro, posições de sujeito
engendradas
por condições de força maior e uma genealogia subjetiva repleta de
experiências
hegemônicas, as identidades docentes compõem um circuito da cultura
que coloca
em circulação discursos confusos e superficiais sobre a Educação
Física
escolar, disseminando seus efeitos nocivos aos futuros professores. O
Frankenstein,
portanto, é produzido pelos professores que atuam no curso de
Licenciatura.
As
investigações
mencionadas, aliadas ao incômodo do choque com a realidade,
despertaram o interesse de revisitar o campo e buscar novas
explicações para o
fenômeno. Se a confusão curricular pode ser atribuída às lutas por
poder que
antecedem a sua construção (Alviano, 2001); se a formação inicial de
professores de Educação Física produz sujeitos fragmentários,
dispostos a tudo
e preparados para nada (Nunes, 2011); ou, se é o percurso identitário
do
docente do Ensino Superior que termina por desencadear noções
superficiais e
confusas sobre a docência do componente (Vieira, 2013), uma questão
fica sem
resposta: como o currículo vai construindo um sujeito fadado ao
fracasso, mas
que não consegue enxergar-se como elemento gerador, responsabilizando
os alunos
pela sua incompetência?
A
tentativa de respondê-la seguiu as recomendações metodológicas
explicitadas em
Neira & Lippi (2012). Foram realizadas observações em sala de
aula, análise
de documentos e entrevistas com coordenadores de curso, professores e
alunos de
nove instituições de Ensino Superior situadas na cidade de São Paulo.
As
representações constatadas foram interpretadas a partir do referencial
teórico
dos Estudos Culturais, para quem, revelar os mecanismos pelos quais se
constroem determinadas representações é o primeiro passo para
reescrever os
processos discursivos e alcançar a formação de outras identidades
(Nelson,
Treichler & Grossberg,
2008).
Análise
dos
currículos que formam professores de Educação Física
Confirmando
as
suspeitas levantadas no estudo anterior (Neira, 2009), as análises dos
currículos que formam professores denunciam uma grande polifonia,
conflitos
entre vetores de força, coexistência de visões e tendências que se
afastam e,
principalmente, concepções de área, docência, função da escola e papel
do
professor desprovidas de fundamentação. Na maioria dos casos, a
experiência
formativa significa travar contato com conteúdos esparsos produzidos a
partir
de representações divergentes sobre a profissão e, por vezes,
ideologicamente
compromissadas com setores da sociedade que dispõem de condições
econômicas
vantajosas.
A
investigação dos currículos demonstrou que a criação e existência de
disciplinas, o momento em que configuram na grade e, até mesmo, os
conteúdos
trabalhados, muitas vezes, partem de decisões pessoais ou
burocráticas. Não
raro, procuram atender a disponibilidades, idiossincrasias e pressões
provenientes daqueles com maior poder de influência. Em muitos casos,
determinados conhecimentos e atividades de ensino constam do currículo
da
Licenciatura sem qualquer justificativa científica ou formativa. Certo
tema,
evento, forma de avaliação ou conteúdo se fazem presentes porque o
coordenador
ou professor da disciplina assim o quis.
Tal
como
identificado no estudo de Alviano (2011), contrariando a literatura da
área, os
currículos investigados não são fruto de ações coletivas. A ideia de
um
colegiado composto por representantes dos grupos interessados nem
sequer é
aventada. Tanto a avaliação contínua pelos sujeitos quanto a
realimentação a
partir de análises do campo de atuação do profissional são mera
ficção.
Simplesmente não há clareza das visões de educação, mundo, sociedade,
área de
conhecimento que influenciam o percurso dos graduandos. Segundo os
dados
coletados, alterações ou atualizações acontecem quando muda a
legislação. Tanto
as disciplinas quanto as demais atividades curriculares encontram-se
cristalizadas. Se o conhecimento é tratado dessa forma, como esperar
que os
egressos desse currículo lidem com os cada vez mais novos e fluidos
dilemas da
contemporaneidade?
Silva
(2007)
é contundente ao explicitar que o currículo forja pessoas, constitui
identidades. A constatação de que os currículos analisados, consciente
ou
inconscientemente, estão atrelados a setores, grupos, conhecimentos,
correntes
e tendências sem qualquer reflexão mais profunda que faça emergir o
que impeliu
seus atores a incluírem conteúdos e experiências de aprendizagem ou
negligenciarem outros, apenas confirma a metáfora do Frankenstein.
(Neira,
2009)
É
interessante observar como se organizam os conhecimentos dos
currículos
investigados. Negligenciando o fato que a cultura corporal é um objeto
ilimitado, apenas as manifestações corporais hegemônicas são
contempladas
(voleibol, handebol, futebol, ginástica artística, basquetebol,
natação). Para
além da fixação de gestualidade vista como correta e do ensino de
regras
oficiais, os programas abrangem esparsas informações históricas ou
curiosidades
das modalidades. A visão fragmentada e reduzida à aprendizagem para a
prática,
normalmente disseminada por ex-atletas ou técnicos posicionados como
formadores
de professores, impossibilita um tratamento crítico e amplo do
fenômeno
esportivo ou ginástico. Por essa via, reproduz-se na aula uma visão
questionável de Educação Física escolar, qual seja ensinar crianças e
jovens a
movimentar-se em conformidade com regras e técnicas corporais
incontestes.
Assim formados, como esperar que os egressos desse currículo
desenvolvam um
trabalho pedagógico coletivo e articulado às demais disciplinas?
Chama
a
atenção que o mesmo raciocínio não se aplique às disciplinas Dança ou
Lutas,
embora também figurem de forma enviesada. Ao invés de abordarem a
prática
corporal como um todo, são trabalhados de forma apressada alguns
poucos estilos
e as lutas eleitas. Em alguns casos, observam-se enfoques restritos à
dança
moderna e à capoeira, sem qualquer menção à extrema variedade de
práticas
corporais que poderiam ser estudadas. Evidentemente, mais uma vez, a
opção é
fruto da experiência pessoal do professor responsável. Tal como ocorre
nas
disciplinas esportivas e ginásticas, a ênfase recai na aprendizagem da
manifestação. Não foram identificadas situações didáticas que
proporcionassem
aos graduandos a apreensão dos significados políticos e sociais das
manifestações corporais. Claro está que o período de formação prioriza
as
manifestações esportivas euro-estadunidenses tradicionais e
midiáticas, sem
criar condições para aquelas que, produzidas nos mais variados
contextos,
dispõem de menor ou nenhum espaço midiático. A mesma lógica influencia
a opção
pelas danças, lutas e ginásticas. Torres (2011) diria que tal
segregação é uma
das estratégias colocadas em ação para deixar do lado de fora as
diferenças.
Ainda
com
relação às manifestações culturais corporais abordadas na formação de
professores, constatou-se que nenhum dos currículos analisados possui
uma disciplina
voltada para a problematização das brincadeiras, mesmo que seja fato
conhecido
a grande presença do tema nas aulas de Educação Física da Educação
Básica. Como
consequência, uma vez formados e em regência de classe, os egressos
reproduzem
repertórios pessoais monoculturais ou consulta os catálogos
existentes. Em
ambos os casos, o trabalho com a cultura lúdica se caracteriza pela
descontextualização.
Outro
fato
que merece atenção, tendo em vista seu potencial de influência sobre a
subjetividade dos licenciandos, consiste na apologia àqueles que
chegam ao
Ensino Superior com acúmulo de experiências referentes às práticas
corporais.
Dentre os licenciandos, há atletas e ex-atletas, dançarinos,
lutadores,
ginastas, nadadores etc. Quando não ocupam lugares institucionais de
destaque,
representando a instituição em torneios e apresentações, têm suas
performances
exaltadas durante as aulas ou nos eventos internos, são tomados como
referência
e elogiados, enquanto seus colegas com vivências culturais
diversificadas são
invisíveis. Destaque-se que tal comportamento tem sido fortemente
repelido pela
literatura educacional e por uma parte significativa dos docentes que
atuam na
Educação Básica. Não obstante, perpetua-se no ambiente universitário.
A mesma
constatação levou Nunes (2011) a afirmar que o currículo da formação
de
professores de Educação Física legitima o espírito do mercado,
fertilizado pelo
atual contexto neoliberal. Diante dessas aprendizagens, como esperar
que os
egressos ressignifiquem as práticas corporais na escola visando a
adoção de uma
postura culturalmente inclusiva?
A
análise
da distribuição didática nos currículos de Licenciatura revela que uma
maior
carga horária é reservada às disciplinas biológicas (Biologia,
Anatomia,
Crescimento e Desenvolvimento, Fisiologia, Fisiologia do Exercício,
Saúde,
Nutrição, entre outras) e ampliado por aquelas em que os mesmos
conteúdos são
requisitados, tais como Treinamento Desportivo, Nutrição,
Condicionamento
Físico, Medidas e Avaliação. Ou seja, transmite-se a ideia de que o
professor
de Educação Física precisa conhecer minuciosamente o funcionamento do
corpo e o
seu processo adaptativo ao meio.
Tradicionalmente,
explica Daolio (2010), a Educação Física se pautou nas explicações
naturalistas, objetivando padrões físicos e homogeneizando os alunos.
Nessa
relação biologicamente fundada, qualquer diferença percebida é
justificada por
características congênitas. O outro, portanto, é o inábil, incapaz,
lento,
descoordenado. Objetivada unicamente em comportamentos motores e
padrões
físicos, a diversidade cultural é ocultada, retirando dos alunos seus
traços
identitários.
Quando
o ser humano é visto através de óculos naturalistas, diz o autor,
enxergam-se
primeiramente as semelhanças físicas entre os indivíduos. Talvez, a
compreensão
de que os corpos são iguais, aprendem e se desenvolvem sob os mesmos
princípios, seja a maior influência da hegemonia biológica nos
currículos que
formam professores. Isso leva os egressos a estabelecerem um rol de
conteúdos
considerados necessários a todos os sujeitos indistintamente, baseando
seus
procedimentos didáticos nas teorias psicológicas da aprendizagem que,
segundo
Silva (1996), implicam necessariamente na sua despolitização.
Um
currículo
baseado em conhecimentos biológicos, conforme se constata, produz
professores que relacionam a função social do componente à preparação
física
dos sujeitos da educação e à exaltação de um estilo de vida que segue
os
padrões da cultura dominante. Daí decorre posicionamentos
preconceituosos com relação
à diversidade de comportamentos corporais dos estudantes e, até mesmo,
atitudes
controladoras com relação à alimentação e hábitos de higiene.
Negligenciar ou
discriminar determinadas práticas sociais só porque se afastam dos
paradigmas
hegemônicos, poderá significar a imposição de um modelo corporal, tido
como
melhor e mais adequado, em detrimento de outras possibilidades
coexistentes na
sociedade.
Por
mais
surpreendente que seja a presença hegemônica dos conhecimentos
biológicos ou a
exclusividade das práticas corporais de tradição euro-estadunidense, é
a
distribuição das disciplinas pedagógicas no currículo que merece ser
analisada
mais detidamente. O estudo de Nunes (2011) denunciou o tratamento
superficial
destinado à temática educacional nas propostas que formam professores
de
Educação Física. Alviano (2011) indicou a fragilidade desses
conhecimentos na
construção curricular, o que os leva a serem relegados para o terceiro
plano.
Por sua vez, a investigação de Vieira (2013) revelou que os
professores
responsáveis por essas disciplinas recebem-nas de mal grado entre as
suas
incumbências, atribuindo-lhes pouca importância em função do seu
status
reduzido.
Os
dados
coletados coincidem com os apontamentos acima. Por razões
burocráticas,
professores sem vinculação com as questões educacionais assumem as
disciplinas
pedagógicas em caráter temporário, abandonando-as na primeira
oportunidade. Nas
instituições em que a responsabilidade recai sobre profissionais
pertencentes a
outros departamentos ou cursos, a representação disseminada entre
alunos e os
docentes com formação em Educação Física desvaloriza e desqualifica os
conhecimentos que possam ser trabalhados. Em plena era da valorização
de
equipes multidisciplinares, ainda há coordenadores que pensam que
todos os
docentes que atuam no currículo da Licenciatura em Educação Física
deveriam
possuir formação na área.
A
diminuta
participação de conteúdos pedagógicos nos currículos analisados traz
consequências gravíssimas, pois influencia as subjetividades dos seus
formandos. A ausência de criticidade na maioria das disciplinas que
povoam os
currículos de Licenciatura em Educação Física redunda em identidades
profissionais acríticas e reprodutoras (Neira, 2009). A restrição que
caracteriza as disciplinas pedagógicas contribui para elaborar uma
representação do que é importante ou não aprender e saber. Afinal,
conforme
Garcia & Moreira (2008), também se ensina pelo que não se aprende.
Se
os
conteúdos da Sociologia, Didática, Filosofia, História, Metodologia do
Ensino,
Educação Física Escolar etc. encontram-se diluídos ou são pouco
valorizados,
consequentemente, os graduandos tenderão a formar-se com uma concepção
distorcida do que significa a docência na instituição escolar.
A
carência
de conhecimentos mais amplos acerca das questões sócio-históricas e
políticas
que envolvem a educação leva o jovem professor a assumir
posicionamentos
distanciados da atual função social da escola, adotar ações didáticas
idiossincráticas pautadas no senso comum, silenciar nos momentos
coletivos e
participar de maneira frágil no projeto escolar. Como esperar que os
egressos
enfrentem as temáticas que desafiam o cotidiano de trabalho da maioria
dos
professores da Educação Básica - globalização, multiculturalismo,
violência,
mundo do trabalho, culturas infantis e juvenis, mídias, etc.?
As
práticas
avaliativas adotadas nas instituições que formam professores de
Educação Física foram escrutinadas. Verificam-se cobranças com relação
à
execução motora, obrigando os alunos a ensaiarem e treinarem
exercícios que,
certamente, jamais os reproduzirão; e na maioria dos cursos há provas
padronizadas, exigindo de turmas com aulas em turnos distintos
respostas
corretas às mesmas questões. O estilo “provão” é massivamente adotado.
Os
coordenadores entrevistados apostam no formato como meio eficaz de
preparar os
estudantes para o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE).
Para
garantir o envolvimento dos licenciandos, os pontos obtidos na prova
são
contabilizados na média final das disciplinas. A experiência soa um
tanto
inocente, pois não leva em consideração o visível descompasso entre o
conteúdo
exigido no exame oficial, por vezes desconhecido dos professores do
curso, além
da baixa qualidade das questões elaboradas em função do despreparo
para a
tarefa. Alguns estudantes simplesmente ridicularizam a prova, pois
consideram
as perguntas fáceis demais ou mal formuladas. Ainda com relação à
avaliação,
não deixa de ser anacrônica a reserva de um período sem aulas no
calendário
para a realização de provas e revisão. Consolida-se a ideia de que a
avaliação
não faz parte do processo pedagógico, sendo totalmente despossuída de
caráter
educativo.
As
aulas
observadas confirmam as impressões coletadas junto aos alunos.
Exceções feitas àquelas
em que o conteúdo ensinado é a gestualidade das práticas corporais, as
demais
são expositivas e têm como único recurso o datashow. Em função da
padronização
das provas, os professores afirmam estar presos ao programa e
obrigados a
“darem aulas idênticas” nas diversas turmas em que atuam. É estranho
constatar
que mesmo nas instituições em que só há aulas no período noturno, o
processo
didático é o mesmo. A metodologia empregada e a temática distante do
referencial dos alunos impossibilitam críticas, questionamentos ou
estímulos à
reflexão coletiva. O modelo é pautado na transmissão. Em casos
pontuais, são
mencionadas as fontes de onde foram extraídas as informações. Na maior
parte
das aulas observadas, o conhecimento é simplesmente apresentado como
única
possibilidade. A recomendação da leitura da bibliografia como apoio
importante
foi percebida em apenas um curso, mesmo assim, após a aula. Dessa
forma, não há
como os graduandos tomarem contato com a sistemática da produção de
conhecimentos. Sem oportunidade de reconhecer o caráter provisório e
interpretativo de tudo o que lhes é ensinado, terminam incorporando os
regimes
de verdade apresentados (Foucault, 2006). A partir daí, como esperar
que os
egressos reconheçam que todos, inclusive seus alunos da Educação
Básica,
possuem conhecimentos relevantes que precisam ser veiculados na
escola?
Os
dados
levantados na presente pesquisa corroboram o estudo de Popkewitz
(2008), para
quem o discurso pedagógico informado durante os cursos de formação
contribui
para desqualificar tanto as ações desenvolvidas pelos docentes em
atuação
quanto a comunidade que frequenta as instituições públicas de ensino.
A
ladainha, repetida ad nauseam,
só
contribui para inferiorizar o trabalho pedagógico realizado. Caso seja
internalizado pelos futuros professores, tenderão a generalizar todos
os
sujeitos da escola pública. Não deixa de ser curiosa a observação de
Sodré
& Neira (2011) por ocasião da análise das impressões dos
estagiários acerca
da Educação Física nas escolas municipais e estaduais. Muitos se
surpreenderam
com a qualidade do trabalho desenvolvido, a organização da instituição
e as
respostas da comunidade às atividades desenvolvidas (Neira &
Kondratiuk,
2013).
É
bom que
se diga que os professores universitários não podem ser inteiramente
responsabilizados pelas representações que colocam em circulação
durante as
aulas. Conforme as informações obtidas mediante as entrevistas, a
maioria não
possui condições de trabalho, tempo para estudar ou experiência no
trato das
questões educacionais, além de estarem exauridos por uma jornada de
trabalho
que obriga a estabelecer vínculos em várias instituições, assumindo
disciplinas
diferentes. Sem oportunidades sistemáticas para refletir acerca do
ensinam, o
que lhes resta é discursar sobre a escola e seus atores a partir das
próprias
experiências enquanto alunos da Educação Básica ou das noções
adquiridas de
maneira informal.
Woodward
(2000)
ensina que uma representação não surge no vazio. As experiências
culturais e, sobretudo, as práticas discursivas contribuem para a
construção
das representações sobre as coisas do mundo. As observações em sala de
aula e
as entrevistas revelam a existência de inúmeras práticas que promovem
a escola
como espaço de homogeneização cultural, isto é, da formatação de
iguais. Ao
abordarem com tanta ênfase as fases do desenvolvimento, os mecanismos
cognitivistas da aprendizagem, o ideal de cidadão baseado no alcance
dos
objetivos desenvolvimentistas e todas as ações pedagógicas provindas
dessa
visão, os currículos formativos contribuem para afirmar uma noção
universalizante de homem e mulher. Não há lugar, portanto, para
aprendizagens
que ensinem os graduandos a trabalhar pedagogicamente com as crianças,
jovens e
adultos que não se enquadram nesses padrões. Os professores formados
nessa
ótica, aparentemente, aprendem a controlar o homogêneo, daí quem foge
à norma é
identificado e punido, tratado como portador de distúrbios e
encaminhado aos
serviços psicológicos. Para Silva (1996), a trajetória psicologizante
que
predominou por um longo período nos currículos dos cursos de formação
de
professores é a responsável pela disseminação dessa postura.
Corroborando
as
posições de Garcia & Moreira (2008), quando afirmam que nos cursos
de
formação inicial se ensina que existe uma lógica e não lógicas, nos
currículos
investigados as diferenças raramente são compreendidas como fruto de
experiências socioculturais distintas. A análise dos programas e das
observações em sala da aula não identificou qualquer preocupação com o
trabalho
junto às classes populares, alunos trabalhadores, habitantes da zona
ou
qualquer outro grupo minoritário. Muito pelo contrário, os dados
evidenciam um
discurso de incentivo à atuação exclusivamente nos setores
privilegiados
economicamente. Muitos professores se utilizam de situações vividas em
academias de grande porte ou nos campeonatos esportivos como
estratégia para
validar o conhecimento ensinado.
Outra
constatação
intrigante é a abordagem do trabalho com as diferenças em uma só
disciplina e um silêncio absoluto nas demais, evidenciando a
fragmentação dos
conhecimentos. Além do viés exclusivamente biológico, nas denominadas
disciplinas “Educação Física Adaptada” ou “Educação Física para as
populações
especiais” são definidas e tratadas com olhar médico algumas
deficiências
físicas e intelectuais, e apresentadas técnicas baseadas em
procedimentos
terapêuticos. Nada é dito acerca das diferenças culturais. A restrição
de tema
tão relevante quanto a política de inclusão a uma só disciplina que,
por sua
vez, seleciona deficiências apenas reforçará o preconceito e o
desrespeito,
segregando a comunidade escolar. Como os egressos poderão mobilizar
conhecimentos assim aprendidos quando se defrontarem com os alunos das
escolas
reais, uma vez que muitos acumulam sucessivas marcas de exclusão?
Fiel
à
noção de currículo que norteia o estudo, as atividades que acontecem
nos
espaços extra-aula também foram investigadas. Confirmando os achados
de Nunes
(2011), verificou-se a existência de uma cultura de trocas
estabelecida há
tempos. Muitas instituições promovem eventos para que os alunos
consigam
completar as horas de estágio obrigatório, de Atividades Acadêmicas,
Científicas e Culturais e as Práticas como Componente Curricular.
Nestes dois
últimos casos, as instituições validam diversas atividades sem relação
com a
formação de professores de Educação Física: campanhas variadas, dias
festivos,
entrega de materiais recicláveis, visitas, entre outras. Quando
existe, a
supervisão do estágio é burocrática. Na maioria dos cursos
investigados, o
licenciando apenas entrega a documentação carimbada pela escola que o
“acolheu”
em um setor específico, sem nenhuma vinculação específica com o curso.
Não há
oportunidade para conversas, intercâmbio de experiências, análise de
um professor
supervisor ou qualquer outra iniciativa que confira valor formativo à
experiência. Se considerarmos que a produção científica mais recente
sobre o
tema defende que o estágio seja adotado como o eixo principal da
formação de
professores, é visível o quão afastados os currículos da Educação
Física se
encontram. Resumidamente, o estágio é uma experiência pedagógica que
tem por
objetivo aproximar o futuro professor da escola, apoiando-o nos
primeiros
passos da docência. Se os estágios não promovem uma aproximação
qualificada e
baseada na reflexão sobre realidade, como evitar que o egresso entre
em choque?
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A
análise
dos currículos da formação inicial de professores de Educação Física
permite
levantar algumas hipóteses explicativas para o choque com a realidade
vivenciado pelos egressos, bem como sobre a responsabilização dos
alunos pelo
próprio fracasso.
Conforme
se
verificou, os conhecimentos são distribuídos em disciplinas estanques
com
pouca ou nenhuma relação entre elas, decididos de forma centralizada
ou à mercê
da vontade individual dos professores. As fontes dos conteúdos
abordados em
aula raramente são mencionadas, muito menos o processo de pesquisa que
antecedeu o conceito ensinado. As aulas são expositivas, baseadas na
transmissão
vertical, com pouco estímulo à leitura prévia ou ao debate.
Escalonando
os
conhecimentos trabalhados no currículo com base na análise dos dados,
observa-se o destaque conferido às disciplinas que abordam as práticas
corporais ou àquelas de cunho biológico, em detrimento das disciplinas
pedagógicas. Enquanto as primeiras enfatizam a fixação das técnicas
corporais,
visando sua transmissão aos futuros alunos e as segundas abarcam uma
noção
universal de corpo, as disciplinas que tematizam as questões
educacionais são
oficialmente negligenciadas.
Os
processos
de ensino que caracterizam a experiência universitária são
homogeneizantes e monoculturais. A sistemática de avaliação adotada
procura
verificar a fixação de técnicas corporais das práticas hegemônicas ou
de
conhecimentos descontextualizados. Não há estímulo a uma postura
reflexiva
baseada na produção científica sobre a docência na Educação Básica.
Os
dilemas
e desafios que afligem a escola contemporânea passam ao largo dos
currículos
investigados. Os conhecimentos dos alunos não são levados em
consideração, o
que contribui para disseminar a noção de que apenas o que o professor
ensina
tem relevância. Some-se a isso a realização fictícia dos estágios,
aspecto que
favorece a acomodação institucional, uma vez que os licenciandos não
possuem
condições ou experiências que lhes permita desestabilizar a lógica
instaurada,
questionando o que é ensinado.
Diante
das
atividades formativas proporcionadas pelo currículo da formação de
professores
de Educação Física, o egresso não reúne os conhecimentos mínimos
necessários
para compreender a realidade educacional atual, para nela intervir
coletiva e
criticamente. Em meio ao desespero, recorre a qualquer meio para
solucionar o
problema mais imediato: controlar os alunos. Revelando a faceta cruel
do
currículo vivido, incorpora as representações disseminadas e passa a
responsabilizar a clientela da Educação Básica e a comunidade escolar
pela sua
incompetência.
Ocorre
que
o licenciando ao longo do currículo da formação inicial vai
estabelecendo uma
relação de cumplicidade com os discursos que acessa, identificando-se,
por
completo, com a representação de professor de Educação Física que eles
incitam.
Conforme Silva (2007), o currículo posiciona os sujeitos em meio à
cultura,
produzindo identidades coerentes com o projeto almejado. Tal como
ocorre com a
Síndrome de Estocolmo[3],
o
graduando tem suas esperanças e sonhos vilipendiados. Afinal, não será
o
profissional que espera ser. Ao contrário, fracassará nas suas
experiências
iniciais. Na condição de vítima do processo, o futuro professor se
identifica
com o currículo. Sendo por ele capturado, faz o possível para
identificar-se. O
poder do captor é de tal monta que, mesmo enfrentando dificuldades no
exercício
profissional decorrentes do que deixou de aprender, o egresso é
incapaz de
analisar criticamente a experiência formativa.
Referências
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Júnior, W. (2011). Formação
inicial em
Educação Física: análises de uma construção curricular. (Tese
doutorado em educação).
São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação.
2.
Apple,
M. W. (2003). Educando à
direita:
mercados, padrões, Deus e desigualdade. São Paulo: Cortez/IPF.
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J. (2010). A Educação Física escolar como prática cultural: tensões e
riscos.
In J. Daolio (Coord.), Educação
Física
escolar: olhares a partir da cultura (pp. 5-18). Campinas:
Autores
Associados.
4.
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Paulo: Loyola, 2006.
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7. Neira, M. G., & Kondratiuk, C. Ch. (2013). Memórias de Cibele: caminhos trilhados, experiências corporais e identidade docente. Brasil: Phorte Editora.
8. Neira, M. G., & Lippi, B. G. (2012). Tecendo a colcha de retalhos: a bricolagem como alternativa para a pesquisa educacional. Educação & Realidade, 37(2), 607-625.
9. Nelson, C., Treichler, P. A., & Grossberg, L. (2008). Estudos Culturais: uma introdução. In T. T. Silva (Org.), Os alienígenas na sala de aula: uma introdução aos Estudos Culturais em educação. Petrópolis: Vozes.
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11.
Popkewitz, T. S. (2008). Uma
perspectiva
comparativa das parcerias, do contrato social e dos sistemas racionais
emergentes. In M.
Tardif &
C. Lessard, O ofício do professor (pp. 244-245). Petrópolis: Vozes.
12. Silva, T. T. (1996). Identidades terminais: as transformações na política da pedagogia e na pedagogia da política. São Paulo: Vozes.
13. Silva, T. T. (2007). Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica.
14. Sodré, M. L., & Neira, M. G. (2011). A formação de professores de Educação Física na Universidade de São Paulo: análise das experiências de estágio disciplinar. Cadernos de Educação Física: Estudos e Reflexões, 10(19), 11-18.
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18. Woodward, K. (2000). Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In T.T. Silva (Org.), Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos Culturais (pp. 7-72). Petrópolis: Vozes.
Recepción: 05-07-2013
Aprobación: 15-01-2014
[1]
Investigación desarrollada
con el apoyo del Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico
(CNPq).
[2]
Monstro ficcional construído em laboratório a partir de segmentos
corporais
originariamente pertencentes a indivíduos diferentes, personagem da
obra de
Mary Shelley publicada em 1818.
[3] Expressão
atribuída
ao psicólogo Nils Bejerot como forma de referenciar o comportamento
das vítimas de um assalto, em 1973, a um banco em Estocolmo. Mesmo após seis dias de sequestro, continuaram a
defender seus captores.