O corpo, o cuidado e o território educacional: reflexões e experiências de professores

Resumo

O cuidado abrange uma variedade de fatores sociais, promove o autoconhecimento e a autotransformação e alcança a autogovernança para se integrar ao mundo. Na educação, o cuidado deve conscientizar as pessoas sobre a fragilidade humana e orientá-las para a liberdade. Cuidar significa cuidar ética e esteticamente da própria vida e da vida dos outros. No caso dos professores, o cuidado decorre de sua disposição pessoal e emocional de se envolver mais intimamente com os alunos que necessitam de apoio além do acadêmico. Por outro lado, os seres humanos, como animais políticos, criam cenários para agir e se expressar. Nesse sentido, o território é menos vasto do que intenso: é um espaço físico e simbólico, dinâmico e relacional, no qual as relações históricas e sociais são construídas por meio de um processo criativo de desejos e afetos. Uma compreensão comunitária do cuidado levanta a seguinte questão: as ações de cuidado dos professores estão relacionadas entre si e com os outros, ou estão isoladas e dependem da iniciativa pessoal? Portanto, o objetivo deste estudo foi compreender as conceções de cuidados com o corpo derivadas da pandemia da COVID-19 entre professores de três faculdades de educação colombianas, através das narrativas que moldaram os seus territórios educacionais. A hermenêutica ontológico-política foi utilizada como método de análise e as entrevistas narrativas como instrumento de recolha de dados. Em conclusão, e de acordo com vários autores, a negação da experiência de cuidados, em que as pessoas podem partilhar uma experiência corporal, leva à repressão dos sentimentos do próprio corpo em situações extremas, torna invisível a decisão de estabelecer limites pessoais e mostra como o próprio corpo deseja entrar em contacto com o outro, tornando-se um receptor passivo da sua dor, emoções e esperanças.