Criminalizados sem crime: atualização escravagista e criminalização do negro na contemporaneidade
DOI:
https://doi.org/10.17533/udea.affs.v20n39a05Palavras-chave:
racismo, crime, violência, escravização, psicanáliseResumo
Considerando o crescente número de homicídios de negros, grande parte deles institucionalizados, e partindo de casos emblemáticos, nos dispomos a interrogar o crime e o criminoso à luz da teoria psicanalítica, bem como o racismo estrutural e histórico de países como Brasil e EUA. Questionamos se realmente superamos o racismo sistêmico, indiscriminado no período escravagista brasileiro, ou se esse racismo apenas mudou suas bases, sendo institucionalizado e perseguindo a pessoa negra como o bode expiatório a quem se autoriza a punição legalizada, o mal encarnado e passível de punição. Suspeitamos, em vista disso, que um modo de escravização atual parece permitir eleger o negro como um criminoso do nosso inconsciente, ao qual a morte é permitida, justificada e mesmo necessária, para suprir o desejo de gozo pelo sofrimento do outro, classificando essa parcela da sociedade como eliminável, visto sustentarmos um ideal de país que alimenta valores escravagistas e relega ao negro o mal social.
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