Descolonizar o marxismo, materializar o giro descolonial: a centralidade da crítica marxista à dependência como pressuposto para um direito insurgente
DOI:
https://doi.org/10.17533/udea.esde.v82n179a05Palavras-chave:
Marxismo, Giro Descolonial, Dependência, Relação Jurídica Dependente, Direito InsurgenteResumo
O presente ensaio pretende apresentar uma fundamentação gnosiológica a respeito do diálogo, entendido como necessário, entre marxismo e teoria descolonial. Em primeiro lugar, realiza um questionamento acerca de haver ou não um eurocentramento marxista, concluindo pela sua rejeição a partir das fontes originais bem como das interpretações latino-americanas e das demais periferias do sistema mundial capitalista. Em segundo lugar, defende a necessidade do materialismo histórico para a efetivação do giro descolonial, complementando a análise da especificidade latino-americana com a da totalidade do mundo do capital. Em terceiro lugar, passa em revista as contribuições da crítica marxista à dependência, produzida desde a América Latina, como a mais conseqüente síntese entre marxismo e descolonialismo. Por fim, aplica toda a reflexão ao campo das teorias críticas do direito, propondo a categoria de relação jurídica dependente como nodal para a construção de um direito insurgente.
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