A antissocialidade do capitalismo:
algumas reflexões preliminares
DOI:
https://doi.org/10.17533/udea.affs.v22n43a04Palavras-chave:
Capitalismo, Antisocialidade, Marx, Freud, Mais-valia, InconscienteResumo
O texto La antisocialidad del capitalismo: algunas reflexiones preliminares (A antissocialidade do capitalismo: algumas reflexões preliminares), de Samo Tomšič, examina a validade de Marx e Freud para compreender a dinâmica antissocial do capitalismo contemporâneo. Embora frequentemente considerados autores ligados a contextos históricos específicos —a crítica à economia política em Marx e a crise da família burguesa em Freud —, seus métodos permitem revelar mecanismos que excedem essas circunstâncias e continuam úteis em tempos de crise. Ambos mostram como, por trás das formas visíveis
da realidade econômica e subjetiva, se escondem antagonismos estruturais que marcam a vida social. Em Marx, o conceito de mais-valia revela a lógica de exploração que sustenta o capitalismo e sua tendência compulsiva a produzir excedente. Em Freud, a teoria do inconsciente expõe a não coincidência do sujeito consigo mesmo e a dimensão conflituosa que atravessa suas relações. Tomšič destaca a convergência entre ambas as perspectivas: tanto a mais-valia quanto o inconsciente evidenciam que a sociedade e o sujeito se estruturam a partir de uma falta e de um excesso irredutíveis. A partir dessa leitura, o capitalismo aparece como uma máquina antissocial, pois mina os laços comunitários ao reduzi-los a intercâmbios mercantis e à lógica do lucro. O sujeito capitalista se apresenta, assim, isolado e moldado por um desejo capturado pelo mercado. A afinidade com a pulsão de morte freudiana acentua essa visão: a dinâmica do capital é autodestrutiva, consome a vida da qual depende e degrada tanto os vínculos sociais quanto as condições materiais de existência. O texto ressalta, além disso, que o inconsciente não está à margem do capital, mas participa de sua reprodução. O desejo, orientado pelo consumo e pela identificação com os objetos, mostra como a economia libidinal se entrelaça com a economia política. Dessa forma, o capitalismo não organiza apenas a produção material, mas também a vida psíquica. Em conclusão, Tomšič propõe que uma crítica ao capitalismo deve atender à sua antissocialidade estrutural e não se limitar à denúncia moral. Recuperar o diálogo entre Marx e Freud permite compreender como o capital fabrica sujeitos fragmentados e comunidades enfraquecidas, condição necessária para pensar alternativas que reconstruam o social além da lógica mercantil.
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