Saúde materna de mulheres indígenas. Experiências tradicionais e institucionais

Resumo

Objetivo: Compreender as experiências de mulheres de uma comunidade indígena no atendimento, durante a gravidez, o parto e o puerpério, em uma instituição pública do município de Ipiales, Nariño, Colômbia.

Metodologia: Pesquisa fenomenológica interpretativa, que se desenvolveu por meio de entrevistas semiestruturadas e grupos focais com 36 mulheres, em quatro fases: preparatória, coleta de informação; análise de informação e devolução de emergentes.

Resultados: Foi reconhecida a importância das práticas tradicionais no cuidado das mulheres e das crianças, como o uso de ervas medicinais e o acompanhamento do médico tradicional ou da parteira ao longo da gravidez, o parto e o puerpério. No entanto, o atendimento foi realizado principalmente na instituição de saúde, pela percepção de confiança que oferece o uso de tecnologias. Nesse processo identificaram-se obstáculos administrativos, geográficos e econômicos no acesso, assim como práticas violentas, especialmente durante o parto, e a necessidade de acompanhamento durante o puerpério. Considerou-se positiva a atenção oportuna no ingresso, a informação sobre deveres e direitos, e a proporcionada antes de algum procedimento médico.

Conclusão: A supremacia do modelo biomédico tem levado à preferência da medicina ocidental no atendimento ao longo da gravidez, o parto e o puerpério, e com isso, à perdida paulatina dos saberes ancestrais. A violência no atendimento resulta da interseção de fatores como a violência estrutural sobre as mulheres, a mercantilização da saúde, os planos curriculares, as políticas de saúde, entre outros.