Comparação da resistência antimicrobiana em isolados bacterianos de cães em um laboratório de diagnóstico veterinário na Colômbia entre dois períodos consecutivos de quatro anos

Resumo

Antecedentes: A resistência antimicrobiana (RAM) e o aumento de bactérias multirresistentes estão entre as ameaças mais importantes à medicina humana e veterinária, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Objetivo: Comparar os padrões de suscetibilidade antimicrobiana em isolados de cães em 2 períodos consecutivos de 4 anos. Métodos: Pesquisamos no banco de dados do Laboratorio de Microbiología Animal da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidad de Antioquia (Medellín, Colombia) os envios dos isolados de cães de rotina para os quais foram realizados cultura e antibiogramas. Resultados: Foram enviadas 1.146 amostras entre 2020 e agosto de 2023 para cultura e determinação de sensibilidade, das quais 805 (70,2%) isolados puderam ser recuperados. Destes 805 isolados, a sensibilidade foi determinada em 799 amostras. Foi observada uma diminuição significativa entre 2016-2019 e 2020-agosto 2023 na suscetibilidade de isolados de cães aos alguns antimicrobianos: Escherichia coli à amoxicilina-clavulanato (66,7-53,1%; p<0,01) e ampicilina (67,7-58%; p<0,05), Enterobacteriaceae para amicacina (100-94,3%; p<0,01), ampicilina (61,8-45,7%; p<0,01) e trimetoprim-sulfadiazina (83,9-75,6; p<0,05), Staphylococcus pseudointermedius à gentamicina (63,9-52,5%, p<0,01), trimetoprim-sulfadiazina (57-50%; p<0,05) e doxiciclina (60,9-43,4%; p<0,01). Suscetibilidades significativamente aumentadas também foram observadas como segue: E. coli à enrofloxacina (69,2-78,7%; p<0,05), doxiciclina (68,7-76,2%; p=0,0745), Enterobacteriaceae à enrofloxacina (64,4-79,3%; p<0,01) e doxiciclina (38,7-47,7%; p=0,06). Para todos os tipos de bactérias houve um aumento do padrão de resistência contra amoxicilina-clavulanato. Todas as espécies de Staphylococcus apresentaram baixa resistência à amicacina (<10%); resistência moderada (10-20%) à amoxicilina-clavulanato, cefalexina, cefovecina e enrofloxacina; alta resistência (20-50%) à ampicilina, gentamicina, trimetoprim-sulfadiazina e clindamicina; e resistência muito elevada (50-70%) à doxiciclina. Para outras famílias de bactérias, o número de antimicrobianos para os quais a resistência foi alta (20-50%) ou muito alta (50-70%) foi: Enterobacteriaceae (7/9), Enterococcus spp. (4/7), E. coli (10/12) e Streptococcus spp. (4/6). Para infecções do trato urinário causadas por E. coli ou Enterobacteriaceae (Klebsiella spp., Proteus spp.), a amicacina e a gentamicina foram os únicos medicamentos que demonstraram baixa (<10%) resistência in vitro. O grau de multirresistência aumentou ligeiramente no período de 2020-agosto 2023 (19,7%; 150/761 isolados) em comparação com o período de 2016-2019 (18,7%; 247/1.316). Isto foi atribuído a uma redução significativa da suscetibilidade, e não a aumentos de suscetibilidade (28 vs. 20). Conclusões: Altas taxas de resistência indicam vigilância contínua e o uso de antibiogramas é necessário para orientar as decisões clínicas.