Mito, legitimação e memória social através da imagem. A escultura pré-hispânica de uma cabeça de serpente em Tehuacán, Puebla

Resumo

Este artigo descreve e analisa a escultura de uma cabeça de serpente encontrada no Templo Mayor de Tehuacán, em Puebla, México durante o ano 2014. A escultura pertence ao período pós-clássico tardio que vai do ano 1200 a 1521. Através do método que mistura a análise iconográfica de Panofsky e a semiótica visual de tipo estruturalista se fez a análise da imagem da escultura. Para interpretar os resultados utilizou-se tanto o contexto arqueológico da escultura como as fontes primárias da época da conquista. Por meio destes elementos se realizou uma leitura mitológica-política sobre o significado e papel dentro da cosmovisão mesoamericana da escultura. Entre os resultados foram encontrados o emprego de estratégias visuais como a repetição, a simetria, a oposição, o ritmo e o movimento. Encontrou-se também que a escultura se relaciona com uma série de mitos sobre a divindade Técpatl ou faca dos sacrifícios, com a deusa Cihuacoatl e com um processo de legitimação política por parte da elite de Tehuacán. Após interpretou-se a relação da escultura e suas estratégias visuais com a memória social, a produção de novos significados, as tecnologias da lembrança entre a escultura e a memória social a partir de uma citação de Frei Bernardino de Sahagún e a partir de uma reflexão sobre a relação entre a imagem e a memória nos códices pré-hispânicos.