Cidadania, exclusão e vulnerabilidade em contextos transnacionais

Resumo

Os imigrantes se tornaram vulneráveis diante os abusos e violações de seus direitos humanos por autoridades e organizações especializadas no atravessamento clandestino das fronteiras. O conceito de “pobreza” que nasceu na maior parte dos trabalhos da migração internacional é entendido como carência e se refere a um estado de deterioro, a uma situação de menosprezo a qual indica tanto uma ausência de elementos essenciais para a subsistência e o desenvolvimento pessoal como uma insuficiência das ferramentas necessárias para abandonar essa posição. Sob estas condições, se fala da pobreza estrutural, baixos ingressos; estas distinções descrevem algumas características daqueles que se encontram nessa condição e mostram que, além do ingresso no momento da medição, as pessoas têm tido historicamente dificuldades para atingir níveis mínimos de acumulação familiar, daí a necessidade do cruzamento de fronteiras físicas, sociais e imaginárias por parte dos imigrantes. No entanto a leitura da exclusão é parcial ao deixar fora o conceito de “vulnerabilidade”: o medo não termina ao atravessar a fronteira, senão que continua nos países receptores no momento de se adquirir o status de “imigrante”. As medidas impostas nos países receptores de imigrantes não têm sido úteis para frear a migração, e ao contrário têm ajudado a infundir medo nos milhares de imigrantes e suas famílias, transformando-os em sujeitos vulneráveis.