Sobre tradução e terminologia das ciências sociais e humanas: quando a cultura encontra a “cultura”
DOI:
https://doi.org/10.17533/udea.mut.24152Palavras-chave:
tradução, traductio, terminologia, antropologia, equivalências, equívocosResumo
Quando se fala em tradução de textos científicos e técnicos, o debate parece se concentrar na importância da precisão de conceitos e termos, e na forma como o uso das ferramentas computacionais permitem extrair e analisar o funcionamento das unidades terminológicas no discurso científico. No caso da terminologia bilíngue ou multilíngue, tais procedimentos permitiriam chegar a equivalências para uma “eficiente” comunicação intercultural. Contudo, permanecem ainda algumas questões que consideramos relevantes e parecem ficar à margem nos estudos sobre tradução científica e terminologia: podemos pensar os processos normativos (ou mesmo descritivos) da terminologia como processos passivos e livres de contradições, ignorando fatores culturais, de hegemonia linguística, acadêmica e de ideologia que circulam nos diálogos científicos? A normalização seria capaz de lidar com as possibilidades de equívoco? Nesse sentido, fazemos uma interface com a antropologia para pensar os processos de tradução das denominadas ciências sociais e humanas, e as possíveis transformações que ocorrem quando se traduz nesses espaços.
Downloads
Referências
Barbosa, M. A. (2006). Para uma etno-terminologia: recortes epistemológicos. Cienc. Cult, 58 (2), 48-51. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v58n2/a18v58n2.pdf
Barbosa, M. A. (2009). Cultura popular amazônica em etno-terminologia. Anais da 61ª Reunião Anual da SBPC - Manaus, AM. Disponível em: http://www.sbpcnet.org.br/livro/61ra/simposios/SI_MariaBarbosa.pdf
Bauman, R. & Briggs, C. (1990). Poetics and Performance as Critical Perspectives on Language and Social Life. Annual Review of Anthropology, 19, 59-88.
Bhabha, H. K. (1998). On the Irremovable Strangeness of Being Different. Four Views of Ethnicity. PMLA, 113 (1), 34-39.
Bhabha, H. K. (2004). The Location of Culture. London, England. Routledge Classics.
Briggs, C. (2005). Communicability, Racial Discourse, and Disease. Anual Review of Anthropology, 34, 269-291.
Briggs, C. (2014). Dear Dr. Freud. Cultural Anthropology, 29 (2), 312-343.
Briggs, C. (2007). Anthropology, Interviewing, and Communicability in Contemporary Society. Current Anthropology. 48 (4), 551-580.
Cabré, M. T. (1999). La terminología: representación y comunicación: elementos para una teoría de base comunicativa y otros artículos. Barcelona: IULA.
Cabré, M. T. (2006). Elements for a theory of terminology: Towards an alternative paradigm. International Journal of Theoretical and Applied issues in Specialized Communication. 6 (1), 35-57.
Cabré, M. T. (1992). Terminology: Theory, Methods, and Applications. Barcelona: John Benjamins Publishing Company.
Cabré, M. T. (2005). La Terminología, una disciplina en evolución: pasado, presente y algunos elementos de futuro. Debate Terminológico. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/riterm/article/view/21286/12263.
Cabré, M. T. (2015). Les llengües i els neologismes. El Butlletí de l'IEC 194. Barcelona: Institut d'Estudis Catalans.
Cabré, M. T. (2014). La lexicografía catalana actual: tradición y modernidad. En: Lexicografía de las lenguas románicas: aproximaciones a la lexicografía moderna y contrastiva . 2. Berlin: Walter de Gruyter, 81-94.
Carneiro da Cunha, M. (2009). Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify.
Carneiro da Cunha, M. (2010). Direitos intelectuais indígenas, “cultura” e cultura. Uma perereca e outras histórias.
Cassin, B. (2009). Untranslatables and their Translations A Logbook. Transeuropéennes. Revue international de pensée critique. Disponível em: http://www.transeuropeennes.eu/en/articles/voir_pdf/83
Cassin, B. (org.). (2004). Vocabulaire européen des philosophies – dictionnaire des intraduisibles. Paris : Éditions du Seuil.
Costa, N. M. P. & Gomes, D. M. (2011). (Etno)terminologia na (etno)medicina Mundurukú. Anais do VII Congresso Internacional da Abralin, 3412-3423. Disponível em: http://etnolinguistica.wdfiles.com/local--files/artigo%3Acosta-2011/costa_2011_etnomedicina.pdf
Costa, N. M. P. & Gomes, D. M. (2013). A etnoterminologia da língua Mundurukú (Tupí) e as contribuições da Ecolinguística. Cadernos de Linguagem e Sociedade. 14 (1), 252-274. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/les/article/view/9176
Deleuze, G. e Parnet, C. (1998). Diálogos II. São Paulo, Brasil. Escuta. (Trad). Eloisa Araújo Ribeiro.
Derrida, J. (1971). A Estrutura, o Signo e o Jogo no Discurso das Ciências Humanas. Em: A Escritura e a Diferença. São Paulo: Perspectiva, 229-249.
Descola, P. (2005). Más allá de la naturaleza y la cultura. Etnografias Contemporáneas. 1 (1), 75-96.
Esteves, L.; Aubert, F. (2008). Shakespeare in the bush – história e tradução. Tradução & Comunicação. 17, 135-159.
Freud, S. (1930-1936). O mal-estar na civilização e outros textos - Obras completes. 18. Companhia das letras.
Gaudin, F. (1993). Pour une socioterminologie. Rouen : Publications Université de Rouen.
Gomes, D. & Borges T. (2014). Equivalência e definição no Dicionário Bilíngue Português-Mundurukú da área do Magistério: contribuindo para a epistemologia terminológica e terminográfica. Tradterm. 24, 339-364.
Johansson, A. (2013). The Social Politics of Research Collaboration. London: Routledge, 98-114.
Krieger, M. da G; Finatto, M. J. B. (2004) Introdução à terminologia: teoria e prática. São Paulo: Contexto.
Latour, B. (2004). Why has critique run out of steam? from matters of fact to matters of concern’, Critical Enquiry. Vol. 30(2), pp. 25-248. Disponível em: http://www.bruno-latour.fr/sites/default/files/89-CRITICAL-INQUIRY-GB.pdf
Latour, B. (1993). We Have Never Been Modern. London: Prentice Hall. Disponível em: http://www.colorado.edu/geography/class_homepages/geog_6402_f10/Latour%20modern%201-2.pdf
Latour, B. (2005). Reassembling the Social: An Introduction to Actor-Network-Theory. Oxford: Oxford University Press.
Nouss, A. (2012). A tradução: no limiar. Alea estudos neolatinos. Rio de Janeiro: Letras.
Ortiz, R. (2008). A Diversidade dos Sotaques: o Inglês e as Ciências Sociais. São Paulo: Brasiliense.
Ortiz, R. (2004). As ciências sociais e o inglês. Rev. bras. Ci. Soc. 19 (54).
Spivak, G. (1988). Can the Subaltern Speak?. Em Marxism and the Interpretation of Culture. (Ed). C. Nelson and L. Grossberg. Basingstronke: MacMillan Education.
Steiner, G. (2005). Depois de Babel: questões de linguagem e tradução. Curitiba: Editora UFPR. Tradução de Carlos Alberto Faraco.
Stengers, I. (2003). Cosmopolitiques II. Paris : Éditions La Découvert.
Strathern, M. (1980). Nature, Culture and Gender. London: Cambridge University Press.
Street, B. (1993). Culture is a Verb: Anthropological aspects of language and cultural process. Language and Culture: Papers from the Annual Meeting of the British, 23-43.
Stupiello, E. N. De A., Talhaferro, L. C. Dos S. (2015). As partes e o todo: possíveis efeitos dos sistemas de memórias de tradução na produção do tradutor em formação. TradTerm. 25, 13-37.
Stupiello, E. N. De A., Talhaferro, L. C. Dos S. (2012). Tecnologias de tradução: implicações éticas para a prática tradutória. TradTerm. 19, 71-91. Disponível em: http://tradterm.vitis.uspnet.usp.br.
Tavares, P. H. (2011). As 'derivas' de um conceito em suas traduções: o caso do Trieb freudiano. Trabalhos em Linguística Aplicada. 50, 379-392.
Tavares, P. H. (2012). As novas traduções de Freud feitas diretamente do alemão: estilo e terminologia. Tradterm. 19, 109-126.
Temmerman, R. (2000). Towards New Ways of Terminology Description. The sociocognitive approach. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company.
Temmerman, R. (2014). Dynamics and Terminology: An interdisciplinary perspective on monolingual and multilingual culture-bound communication. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company.
Veras, V. (2009). A tradução e sua relação com o inconsciente: transmitir a psicanálise. Tradução em Revista. 7, 01-12.
Viveiros de Castro. (2002). O Nativo Relativo. Mana. 8 (1), 113-148.
Viveiros de Castro. (2004). Perspectival Anthropology and the Method of Controlled Equivocation. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America. Vol. 2 (1), pp. 3-22. Disponível em: http://digitalcommons.trinity.edu/tipiti/vol2/iss01/1.
Wagner, R. (1981). The Invention of Culture. Chicago: University of Chicago Press.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Aquellos autores/as que tengan publicaciones con esta revista, aceptan los términos siguientes:
- La revista es el titular de los derechos de autor de los artículos, los cuales estarán simultáneamente sujetos a la Licencia de reconocimiento no comercial sin obra derivada de Creative Commons que permite a terceros compartir la obra siempre que se indique su autor y su primera publicación esta revista.
- Los autores/as podrán adoptar otros acuerdos de licencia no exclusiva de distribución de la versión de la obra publicada (p. ej.: depositarla en un archivo telemático institucional o publicarla en un volumen monográfico) siempre que se indique la publicación inicial en esta revista.
- Se permite y recomienda a los autores/as difundir su obra a través de Internet (p. ej.: en archivos telemáticos institucionales o en su página web) antes y durante el proceso de envío, lo cual puede producir intercambios interesantes y aumentar las citas de la obra publicada.