Recepção criativa de obras literárias: um modelo de pesquisa-criação a partir dos contos de Alice Munro

Resumo

A crescente tecnificação dos estudos literários tem dado destaque às ferramentas de mediação analítica e distanciamento argumentativo-racional, em detrimento das potencialidades emocionais e imaginativas da leitura de peças literárias. Este ar­tigo expõe um modelo de recepção criativa que dá maior espaço ao envolvimento subjetivo do leitor-pesquisador. O modelo está inserido no atual marco institucional colom­biano de pesquisa-criação em literatura e mobiliza, para os processos de formação e pesquisa da disciplina, o potencial cognitivo de criação hipertextual e reescrita. O referido modelo é resultado de experimentos crítico-hermenêuticos e de escrita criativa realizados em um viveiro de pesquisa de uma universidade privada em Medellín, Colômbia. A proposta se baseia na teoria da recepção literária de Wolfgang Iser e na ideia de um leitor participando da obra e cooperando com o texto de Umber­to Eco; da mesma forma, volta-se para as contribuições contemporâneas para a estética da criação, especificamente, para a prática da escrita não criativa de Ken­neth Goldsmith. Finalmente, leva em conta a discussão recente sobre a relação entre pesquisa e criação. A principal contribuição do modelo é a ativação sistemática e colaborativa de faculdades analíticas e criativas no leitor.