Estratégias Migratórias, Reconfigurações de Identidades Camponesas e Participação na Cultura Escrita
DOI:
https://doi.org/10.17533/udea.ikala.v24n02a03Palavras-chave:
famílias camponesas, cultura escrita, estratégias migratórias, identidadesResumo
Neste artigo retomo análises resultantes de trabalhos teóricos e empíricos referidos às práticas de cultura escrita em territórios rurais de Córdoba (Argentina). Neste caso, enfoco minha atenção nas estratégias migratórias exercidas pelas famílias camponesas do Norte desta província, para reflexionar sobre como se incorporam nelas as práticas de leitura e escritura. Analiso o lugar que as estratégias migratórias tiveram na reprodução social das famílias ao longo de várias décadas do século xx colocando-as em relação com as transformações estruturais e políticas e os processos de descamponização, para focar logo na análise dos processos de configuração-reconfiguração de identidades destas famílias. Isto me permite pôr em discussão visões que nos âmbitos escolares apresentam estas identidades e práticas culturais camponesas como estáticas, ahistóricas e incapacitantes em termos de acesso à educação e à cultura escrita. Nesta análise resultam-me férteis as convergências entre os Novos Estudos de Letramento e o enfoque da sociologia de Pierre Bourdieu as quais permitem entender como as práticas de cultura escrita são construídas socialmente, estão historicamente situadas, desigualmente distribuídas e se produzem no âmbito de outras práticas e relações sociais, que lhes outorgam sentido. Em ambos enfoques o crucial está no sentido de considerar a leitura e escritura não como uma variável independente, isolada, senão como uma prática social e parte de uma trama de relações que se reconfiguram em espaços locais e no tempo.
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