O estrangeiro de Albert Camus traduzido por Pablo Montoya: uma tradução para leitores latino-americanos?

Resumo

O presente estudo inscreve-se em uma pesquisa sobre a tradução literária hoje na Colômbia desde um ponto de vista linguístico e, mais particularmente, léxico. As traduções de obras da literatura universal em espanhol peninsular que começaram a circular na América-Latina a partir dos anos sessenta geravam entre os leitores uma sensação de estranheza que se pode atribuir a certas variações diatópicas. Isso motivou várias iniciativas editoriais de retradução dessas obras por tradutores latino-americanos. Com o objetivo de contrastar a diferença entre as versões peninsulares e as realizadas na Colômbia, este artigo examina o caso de dois traduções da obra do escritor francês Albert Camus, L’étranger (1942), uma do docente e escritor colombiano Pablo Montoya, publicada em 2013, e a outra do poeta espanhol José Ángel-Valente, aparecida em 2001. A comparação entre essas traduções permite identificar diferenças, tanto morfossintáticas quanto lexicais, que tentam se caracterizar desde um ponto de vista diatópico, graças a estudos especializados, ao motor de busca crea da Real Academia e a uma enquete a informantes. Conclui-se que a tradução de Montoya, mesmo que dirigida para um público colombiano, leva poucas marcas diatópicas especificamente colombianas e, ao contrário, inscreve-se no espaço e a cultura latino-americanos, pelo que poderia ser lida sem estranhamento por outros leitores da região.